Saturday 4 November 2023

Triatlo da Trafaria

 


No passado dia 29 de Outubro, a Trafaria foi palco do ultimo Triatlo do ano. Prova que acabou à ultima da hora por ser o Campeonato Nacional de distancia Standard (1,5km; 40km; 10km) a mesma dos Jogos Olímpicos).

Prova que tinha um percurso pouco habitual, com uma natação e linha (partida e chegada em locais diferentes) o que complicava a logística. A organização garantia transporte para a partida. E digamos que a organização esteve perfeita. Aliás, os momentos que antecederam a prova foram de uma enorme tranquilidade. Sem pressas, sem stresses. O mesmo no final da mesma.

Apesar do dia estar feio, de haver um aviso meteorológico amarelo que criava receio sobre as condições do Mar para nadar, diria que “a Montanha pariu um rato”.

Estando a vaga de Sul, sendo o segmento de natação mais metido para a nascente do rio na margem esquerda do mesmo, praticamente não havia vaga. E para ajudar, o percurso pouco passava dos 1000m e beneficiava de uma corrente muito forte a favor!!

Foi uma natação supersónica, claramente a não ajudar quem queria colocar diferenças na água. Fiz praticamente metade do tempo que teria feito num percurso “normal”.  

A distancia que separava a saída da água do parque de transição tb não era habitual. Bastante longa. Era uma corridinha que servia para aquecer as pernas para a dureza que ai vinha no segmento de ciclismo. E não defraudou as expectativas. Num circuito de 35km com 4 voltas, onde estava incluída muita subida, a chuva e algum vento vieram tb para a festa. Diria que foi épico e em algumas descidas algo assustador, mas felizmente não houve incidentes.

Do ponto de vista físico, foi uma montanha de emoções. As sensações nunca foram as melhores e procurei encontrar o balanço entre ir ao meu ritmo e seguir o ritmo de outros, mas acabei por ir ao limite um par de vezes. Claramente estive fora da minha zona. Durante a 2ª volta achei que ia quebrar, que estava a abusar. Felizmente consegui recompor-me e geri bem a 3ª e 4ª volta. Mas o desgaste já estava lá. Dava para perceber. Cada ver que havia mudanças fortes de ritmo, tinha dificuldades em responder com prontidão. Não era um bom indicador para a corrida.

E confirmou-se. Não que a corrida tivesse sido propriamente um arrasto. Não ia com essa sensação. Mas foi em ritmo de passeio, não conseguia passar disso. As pernas não deixavam, era uma limitação muscular. Já de si sou um fraco corredor e nestas condições não podia dar bom resultado. Passei de 2º para 7º no escalão durante o segmento 😊

Mas feliz e contente com a prova. Gosto destas provas duras, de estar lá dentro, das emoções!

A satisfação foi reforçada por ter sido um dia especial para o 3B e para o Sérgio Batalha. Sagrou-se campeão nacional do escalão 50-54 (igualmente o meu). Um feito notável! Ias de mota na corrida, de tirar o chapéu!! Top!

Só falta agora o 3B ter uma campeã nacional feminina com mais de 50 anos. Lá chegaremos!

Um abraço igualmente ao Gabriel Alves, claramente o 3B mais participativo e entusiasta esta época! Sempre muito bom ver-te nas provas!

Está aberta a “Silly Season” e Triatlos agora só em Março do próximo ano 😊 Está na hora de descansar! Foi um ano diferente, mas acabou em crescendo e com saúde! Haja motivação e venha 2024!

Saudações desportivas!


Tuesday 17 October 2023

Triatlo de Sesimbra

 



No passado Domingo dia 15 foi dia de Triatlo Sprint de Sesimbra. Prova que se disputa em Lagoa de Albufeira, um local que me faz sempre lembrar o nordeste brasileiro 😊

Gosto desta prova. Excelente local para nadar, um ciclismo seletivo qb, algo técnico e uma corrida durinha. Beneficia quem treina!

Foi um dia diferente. Aproveitando estarem algum atletas do clube inscritos, a equipa providenciou  uma carrinha para levar os atletas juntos. Como equipa, como devia ser quase sempre 😊 Além dos atletas ainda contamos com acompanhantes. Foi um momento em cheio! Diferente. Fica sempre uma história para mais tarde recordar.

Apesar do calor e do Sol que se fez sentir nas ultimas semanas, a previsão era de chuva. Em particular para a hora do final da prova. Aquele ciclismo com chuva fica perigoso. Muitas partes técnicas e uma descida para a T2 (transição ciclismo corrida) em empedrado.

A manhã, apesar de nublada e húmida, não estava chuvosa. Chegamos atempadamente, não houve stresses com a logística e lá estamos nós preparados para o desafio. E partimos.

Nesta prova a 1ª boia está perto da partida. Diria uns 150m. Isso faz com que ainda haja pouca separação entre os atletas o que provoca imensa confusão a rondar a mesma. E assim foi. Uma passagem rápida pela “máquina de lavar a roupa” com a centrifugação no máximo! O normal. Há-que baixar a cabeça e seguir!! 😊

O segmento não comprometeu mas podia ter sido melhor. Senti que não naveguei bem entre a 1ª e a 2ª boia. A saída da água tb não foi a melhor de todas. Para piorar, na T1 (transição natação – ciclismo) quando tirei o fato isotérmico, o dorsal saiu com o mesmo. Mais tempo perdido.

Mas ia determinado. Tinha prometido a mim mesmo, se as pernas estivessem boas, ia forçar no ciclismo sem pensar demasiado em poupanças para a corrida. E assim foi. Seguia num grupo onde eramos 2 ou 3 a puxar. Fomos alcançando alguns atletas e conseguimos absorver o grupo da frente. Mas havia que continuar a forçar. Só deixei de cooperar quando começou a chover. E choveu bem. Ficou perigoso, havia que ir com muita cautela. No empedrado de acesso à T2 foi sempre devagarinho com um pé fora do pedal. Houve várias quedas.   

Chegava o segmento de corrida. Que começa com uma subida bem inclinada. Naquela altura não sabes se vais “morto” do ciclismo ou se é da subida 😊. Felizmente, em grande maioria, era da subida. Aos poucos fui tendo as pernas de volta e acabei por fazer um segmento razoável (dentro do meu estilo coxo), que me permitiu por escassos segundo ser o 3º do escalão.

Foi o culminar de uma bela jornada! Competir, sentir-me disponível nos 3 segmentos, ter a companhia da equipa e da pessoa que cria as condições para que tudo isto seja possível!

Fica sempre o “amargo de boca” por a equipa não ser mais numerosa nem termos uma representação feminina nestas provas.

Um obrigado ao Bruno Silva, ao Andre Silva e ao Gabriel pela companhia dentro e fora da prova e ao Afonso pela curiosidade em sentir estes ambientes. Agora só falta estares por dentro.

Saudações desportivas!


Friday 22 September 2023

Triatlo de São Martinho do Porto

 




No passado Domingo dia 17 voltei a competir numa prova de Triatlo.

Na distancia Sprint (750m, 20k, 5km). Foi a minha 2ª vez em São Martinho do Porto. O que faz de mim totalista 😊

Foi um regresso depois de um período com limitações de saúde e descobertas algo surpreendentes sobre o envelhecimento dos atletas de endurance. Nada de preocupante.

Tinha alguma semanas consistentes de treino, por isso sentia-me preparado para o desafio. Embora sem saber o que estava a valer em qualquer dos segmentos.

O dia estava invernoso. Chuva e vento Sul moderado. Igual para todos, mas não o ideal, devido à perigosidade acrescida do piso molhado no ciclismo.

Fui atempadamente, tranquilamente fiz o meu aquecimento, ainda deu tempo para algumas conversas sociais no agrupamento para a partida e lá fui. Não havia ansiedades, são já alguns anos nestas andanças. Era desfrutar do momento.

A natação foi algo conturbada. Estava um “mar” com alguma marola devido ao vento mas procurei estar focado. Navegar bem e manter a intensidade alta sem estragar demasiado a braçada. Não comprometeu.

Com calma abordei a T1. E tb com calma, assim que agarrei na bicicleta, ouvi uma Juíza dizer-me que me faltava o chip, que teria ficado dentro do fato isotérmico. Nesse momento fez-se luz na minha cabeça. Ainda me senti tentado a mexer no fato já arrumado, mas rapidamente percebi que tinha deixado o chip no carro. Aquando do momento em que vesti o fato, tirei o chip e não o voltei a colocar. Motivo para ser desclassificado. Há atletas que perdem o chip durante a prova. O meu caso era diferente.

Mas resolvi rápido. A classificação ou um DNF não eram um problema. O objetivo era mesmo fazer a prova. E lá segui para o ciclismo. Havia que ir com cautela. O piso estava molhado, havia retornos, rotundas e zonas com piso menos bom.

Ao fim de 500m já estava inserido num pequeno grupo no encalço de outro grupo mais adiantado. É sempre assim. Uns grupos atrás, outros á frente, todos a jogarem do jogo do gato e do rato.

Armei-me em voluntarioso e fui para a frente. Ia pedindo ajuda, mas a cooperação foi quase nula. Desta vez tocou-me a mim liderar a perseguição. Demorei quase 6km a fazer a junção e ganhei uma bela dor de pernas. A partir dai resguardei-me e só voltei a cooperar nos últimos 5km.

Uma T2 mais demorada que o normal e lá segui para a corrida. Sabia que devia ir bem classificado no escalão. Embora não fizesse ideia do lugar. Dos que conheço do mesmo escalão, tinha o Luis Silva uns metros à frente e o Paulo Lamego a vir detrás, não muito longe.

Até ia a correr, dentro do que eu corro (pouco). Aos 2km estava ligeiramente mais perto do Luis. Mas comecei a quebrar. Perdi tempo entre o 2º e o 3º km. Tentei voltar a focar-me e voltei a aproximar-me, mas não o suficiente. E já dentro do ultimo km acabei por ser passado pelo Paulo e por outro atleta, o qual viria a vencer o escalão. Terminei em 4º a uns poucos segundos do 3º. Foi tipo morrer na praia, sem saber 😊

Mas o importante é estar na luta, viver as emoções! Muito satisfeito com o regresso.

E é bom saber que o espirito competitivo continua. Dás por ti a pensar se deverias ter trabalhado mais na bicicleta, ou se podias ter entrado numa zona de sofrimento superior na corrida. Tudo meramente no campo das hipóteses e da fantasia, foi o que foi e está feito.   

Mas o momento alto do dia foi assistir à participação do Rafael Xavier na prova. O Rafael é um miúdo de 16 anos, que o ano passado veio assistir à estreia do pai dele nesta mesma prova. Ficou com o “bichinho” dentro dele e decidiu experimentar estar por dentro destas coisas.

Já tinha participado num Triatlo Super Sprint, mas neste formato e na Taça de Portugal, foi a 1ª vez. Foi a 1º vez que o 3B teve um Sub18 a participar numa competição da Taça! Fez a coisa bem feita e não ficou satisfeito com o resultado!!! Bom sinal, vai querer melhorar e voltar 😊 Foi especial Rafael.

Foi bom sentir-me saudável de novo!

Saudações desportivas e um agradecimento especial ao Grupeto! Sem vocês a condição fisica não seria a mesma. Nunca esqueço o dia que o gêmeo esquerdo ficou o dobro do outro😜

Saudações desportivas! 



Monday 11 April 2022

Triatlo de Setúbal 2022

 


Decorreu no passado Domingo a 6ª edição do Triatlo de Setúbal. Uma prova de Triatlo Longo, disputada nas distancia 1.9 natação , 90km de bicicleta e 21 km a correr.

Prova da qual sou Totalista. Terminei todas as edições. E começo por explicar porque não tive direito nem a numero, nem a touca, nem a dorsal de totalista. Simplesmente porque me inscrevi fora da promoção destinada a totalistas, o que resultou no facto da organização não se ter apercebido do facto.

Sendo transparente, não é uma prova com a qual tenha uma relação fácil.  Tenho uma relação complicada com o percurso de ciclismo. Não pela sua altimetria e dureza, dessa parte eu gosto. Mas as descidas ingremes, as curvas técnicas da serra, os muitos empedrados especialmente na avenida Luísa Tody e o mau piso em algumas zonas, criam-me sempre uma sensação de desconforto quando penso em fazer a prova. Razão pela qual atrasei a minha inscrição para 2022.

No entanto, como nem só de competição e percursos as provas são feitas, a excelente organização e a oportunidade de socializar com a equipa e com caras que me acompanham nestas andanças há muitos anos, decidi-me inscrever.

E nestas coisas, nada como saber onde o nível físico está e gerir de acordo. Abordei a prova com tranquilidade. Sem objetivos competitivos. Era procurar não sofrer demasiado. Forçar qb no ciclismo para não me massacrar demasiado na corrida.

E tranquilidade foi a palavra de ordem desta edição. Seja na ida a Setúbal no Sábado para fazer o check in, seja no pré ou no pós prova já no próprio dia.  Diria que foi talvez a prova que fiz em que tudo foi super tranquilo. Sem ansiedades, sem stresses de ultima hora, sem me esquecer de nada. E para isso contribui obviamente a excelente organização da prova!

E como nestas coisas do Triatlo estamos sempre dependentes das condições meteorológicas, se em anos anteriores foi o vento e a chuva, este ano foi o nevoeiro a provocar alterações na prova. A natação teve que ser encurtada. Não havia visibilidade que garantisse a segurança para se nadar ao largo. O percurso foi feito sempre junto á costa. E digamos que com a água meio gelada (15 graus), houve muita gente a ficar feliz!!

A prova em si foi em linha com a abordagem mental. Um natação tranquila, uma T1 infindável por teimosia a querer colocar uma luvas, um ciclismo em modo defensivo a confirmar o meu desconforto, onde claramente era mais competitivo a subir e contra vento e muitos me passavam a descer e nas zonas técnicas e uma corrida sempre controlada onde acabei por sofrer mais do que queria nos últimos 3km devido a desgaste muscular. A confirmar a perceção que tinha da minha condição física e a correta (quase) abordagem à prova.

E sempre reconfortante, este ano voltei a ter quase toda a família a apoiar de uma forma incansável!! Dá outra cor ao momento. Um obrigado tb a todos que me incentivaram e em especial aos membros do 3B que estavam de fora a apoia. A Madalena, a Jéssica, a Cláudia, a Marta, o Carlos e provavelmente outros que nem vi.

Igualmente bastante satisfeito por assistir às boas prestações dos atletas do 3B. O nível está a subir de forma consistente. Saliento em particular o Gabriel. Grande prova. Já nem consigo entrar no Top 5 do clube 😊 Um reflexo tb da evolução da modalidade dos escalões dos Age Groups. O trabalho que está a ser feito com inúmeros grupos de treino, alem de fazer aumentar o numero de praticantes, tem feito igualmente subir o nível de performance de muitos age groups. O nível médio está mais elevado.

E as maiores satisfações do dia são os momentos em que te cruzas com os teus companheiros de treino, aquelas palavrinhas da ordem, de cumplicidade que enceram muitas horas de companhia treinar, muitas discussões, muitas gargalhadas, mas muita boa disposição e amizade!

Falo do Gordo Tony, do Bófias e do Manco Champ do Hawai. E claro, ver este ultimo ganhar a prova! Aquele momento em que ele ao passar por mim já com a meta à vista e a vitória no bolso, me apalpa de forma ternurenta 😊 O velho Tony babou!!! Acho que até passei de velocidade muito lenta, a lenta!

E tb não esquecendo o companheiro de pista na piscina, o Luís Tomé que fez uma grande prova e foi quem me manteve concentrado na corrida a tentar apanha-lo 😊

Agora é recuperar o corpo que mais empenos virão!!!

Saudações desportivas

Tuesday 5 October 2021

Triatlo de Setubal 2021

 


No ultimo Domingo, voltei a participar numa prova de Triatlo longo.

Foi em Setúbal, na 5ª edição do #setubaltriatlhon, disputado na distancia Half Iron Man. Prova onde ainda sou totalista de participações. Foi uma prova de sensações variadas. 

Ciente que provas depois do período de férias nunca são as ideias de preparar, encarei a minha participação de forma tranquila e sem objectivos competitivos. A preparação especifica, se isso se pode chamar, consistiu num bloco de 3 semanas onde procurei colocar um pouco mais de volume de corrida e voltar à consistência na natação. O suficiente para encarar a prova com a certeza que com contenção e juízo a coisa fazia-se bem.

E de certa forma assim foi. O plano passava por nadar de forma mais agressiva, ir contido na bicicleta e correr o suficiente por forma a não acabar muito destruído.

Plano esse que foi cumprido no segmento de natação. Mas depois…

Chovia, o piso estava molhado e estava algum vento. Nada de novo para quem tinha feito a prova no ano anterior. Tendo em conta que era para ir tranquilo na bicicleta e a minha inabilidade técnica, a ideia era não correr riscos. A 1ª metade do segmento foi realizada de forma muito cautelosa. Diria mesmo, medrosa!! Não ia a desfrutar.

As sensações tb nunca foram as melhores. Felizmente a chuva parou e o piso começou a secar. Depois do retorno da Mitrena, aproximadamente aos 50km do segmento, comecei a sentir-me mais confortável com o percurso e a segunda passagem pela serra da Arrábida foi bem mais positiva.

Chegava a corrida. A gestão é sempre a mesma. Procurar fazer a 1ª metade do segmento á defesa, deixar o corpo entrar no ritmo e se as sensações forem razoáveis procurar terminar ligeiramente mais rápido. Mas tal não foi possível. Do ponto de vista geral ia bem, mas muscularmente ia mais destruído do que queria. Acabei por ter que cerrar os dentes para conseguir manter o ritmo até final.

A pronto, estava terminada mais uma edição da prova dentro de uma performance aceitável!

5h12’.

108 da geral, 12º no escalão 50-54.

Mas este ano admito que as emoções pós prova não foram as mais positivas. Provavelmente por ter terminado mais destruído do que queria, aquela 1ª parte do segmento de ciclismo deixou-me uma menos boa sensação. E nada tem a ver com o percurso, mas sim com o estado piso em vários locais agravado pelo chuva e pelo vento.  

Mas há-que pensar no que de positivo a prova teve, e tirar a satisfação desses momentos. E foram muitos:

Desde ter tido uma super claque, liderada pela minha filha Catarina e pela Paula, passando pelos meus companheiros de treino (aquela energia vocal do Valdo é do best e até mesmo o “deita abaixo” do Canino gostei de ver e ouvir)  e de clube (a Madalena, a Marta, a Cláudia) e por inúmeras pessoas conhecidas e desconhecias que são incensáveis a aplaudir o nome “Peter Pan”.

O ter terminado a prova com a minha filha Catarina. Já o referi num post anterior. Foi um momento curto, mas que sentes muitas coisas. A tua mente viaja anos, passa por memorias, e fica uma sensação reconfortante única.

O ter partido ao lado do Hugo Gomes, os dois em filas diferentes, mas lado a lado. Não podíamos ter organizado a coisa melhor. Mais um momento que não exprimes, mas sentes diferente! Fica no pensamento.

O assistir à progressão de vários atletas do 3B. A prova do Sérgio, que daquilo que me recordo, talvez a mais bem conseguida e equilibrada. Fica ainda a sensação que podes correr melhor. 

E o que dizer do Rúben. Excelente prova e ambos sabemos que essa natação e esse ciclismo ainda podem melhorar consideravelmente. Continua a trabalhar, tem paciência e boas coisas vão acontecer no futuro.

E o que dizer do Bruno!!. Sacrificou a prova dele (e apanhar-me) para ajudar o Márcio num momento em que este ia a passar uma fase menos boa. Puxou-o uma volta completa, claramente imprimindo um ritmo que sabia que ia pagar carro mais para a frente. As provas não são só o resultado final, para mim és o grande vencedor!!

Uma palavra tb para o Hugo, mesmo não estando em forma, mesmo com problemas mecânicos, mostras que claramente o teu lugar é bem mais à frente, sub 5h claramente. A coisa vai acontecer.

O Carlos, aquele teu sorriso de galgo na corrida é um hino à alegria. Ver-te passar a cada volta era uma emoção!!

Ao Gabriel, um lutador incansável. Apesar dos problemas físicos com que te tens deparado esta época, não deixas de marcar presença. Sempre naquele teu estilo aluado, que vem de outro planeta!!! Mereces o prémio da combatividade.

Por fim, ao Pedro Alves, para o qual a prova foi um improviso na sua planificação para Cascais, mas não deixou de ir à luta e levar um valente empeno!!

Fica o sabor amargo de não termos tido nenhuma mulher em prova e a esperança de ver um dia o nome 3B na classificação colectiva feminina.

Uma palavra singular para o Márcio Neves. És o exemplo que ter genética física não é suficiente para ser atleta de alta performance. Há-que aliar a isso uma capacidade mental forte. A capacidade de estar focado, o verdadeiro comprometimento com a performance. Sabendo nós que isso cada vez é mais intrusivo numa vida familiar.

Parabéns pelo resultado e parabéns pela atitude. És o orgulho do grupeto!

 Fica tb uma nota para a organização e para o Hugo Sousa. Mais uma vez, parabéns. Excelente organização. Só precisas mandar tirar as lombas da Luísa Tody e mandar asfaltar o troço até á Mitrena 😊

Ainda não sei se voltarei em 2022, as emoções vão decidir. Agora é recuperar! 

 

Saturday 10 July 2021

Consistencia e keep it simple!

 

Os que me conhecem sabem que nestas coisas dos desportos de resistência, apregoou-o a viva voz que a consistência e a paciência são a base.

Sou tb um adepto do “keep it simple”. Raras vezes uso um “gadjet” durante o treino, a não ser um relógio para ver o tempo de treino e o pace/velocidade a que vou. Não que tenha algo contra os gadgets, mas analisar sistemas com muitas variáveis, só causa confusão e retira o focus no que realmente é importante. Embora tb ache que alguns gadgets abusam da pseudo ciência.

Quer isso dizer que não monitorizo o treino? Não, mas faço-o de uma forma muito simples.

Limito-me a registar no Strava a taxa de percepção de esforço de cada sessão. De 1 a 10.  Em que 1 é muito fácil e 10 esforço máximo. Abaixo um exemplo.

Não é um método exacto, existe alguma subjectividade, mas se houver consistência na atribuição da taxa, a informação é útil. Há que tentar ser honesto e “justo” nesta avaliação.

Com essa informação o Strava calcula a carga da sessão e vai calculando os valores de Fitness & Freshness. Que na pratica não são mais que indicadores do tipo ATL (Acute Training Load (a Fadiga)) e CTL (Chronique Training Load (o Fitness)) que já expliquei em textos anteriores.

Abaixo mostro as minhas “curvas” dos últimos 3 meses.

Desconheço os algoritmos que o Strava usa para calcular estes indicadores, mas isso não é relevante. O importante é o algoritmo ser sempre o mesmo. Não perco muito tempo a olhar para estes gráficos (embora devesse), mas às vezes eles até dizem alguma coisa.  

É importante tb entender que estes algoritmos se baseiam em estatísticas. Como em media, uma pessoa reage às cargas. Não somos todos iguais e em certa medida o algoritmo pode não representar o comportamento de um certo individuo. Há-que cruzar estes dados com indicadores pessoais, como a qualidade de sono, a irritabilidade, as sensações, etc.

É fácil entender que a “Forma” varia na direção oposta da “Fadiga”. Recomecei a nadar em Abril, e o gráfico da fadiga não engana. O corpo acusou a carga da natação (subida do indicador fitness). Demorou até que a “Forma” começasse a subir. Os pontos a vermelho são as provas onde participei. Triatlo do Cercal, Oeiras e Triman, por essa ordem temporal.

Interessante ver que no dia do Triman a curva da forma estava no seu valor máximo. Explicável por ter aliviado o treino 1 semana, algo que não sucedeu nas outras provas. Facilmente visível nos gráficos. No entanto, para mim, o mais fundamental é a consistência do valor do “Fitness”, que é o que mede o volume/carga de treino ao longo do tempo. É esta consistência que considero fundamental.

Semana após semana. Mesmo na semana do Triman, esse valor esteve estável. Na realidade, o que fiz, foi fazer uma semana com volumes típicos contabilizando o dia da prova. Nessa semana não fiz mais nem menos que nas outras. Fiz foi muito mais numa única sessão. Que o gráfico debaixo facilmente demonstra.

Gosto sempre de recordar historias da vida real. Lembro-me de ter participado numa discussão onde alguém dizia que o Vasco Vilaça como estava a treinar na Suécia, tinha acesso a “alta tecnologia” e isso ia ser fundamental para evoluir. Depois do sucesso que ele teve o ano passado, o treinador dele deu uma entrevista em que simplesmente dizia que a maior razão do sucesso dele foi ter conseguido fazer uns bons blocos de treino com consistência durante a pandemia.

Temos alguns bons exemplos de treinadores nacionais que conseguiram criar as condições para os atletas evoluírem. Cito como exemplo, o Paulo Antunes. E os resultados estão á vista. Não é preciso ir para a Suécia 😊

Outro excelente exemplo é o Paulo Sousa e a sua “esquadra” de Triatlo. O seu enorme talento e profissionalismo para criar um grupo de treino onde se respira uma filosofia de alta performance, levou a que tenha conseguido qualificar para os jogos Olímpicos 7 atletas da sua esquadra.

E ele é um grande defensor da consistência e do keep it simple.

As ferramentas sem a atitude, não servem para nada. Primeiro sejam consistentes e pacientes, só depois façam uso dos gadgets 😊 Mas não exagerem, KISS!! 

Thursday 1 July 2021

Northwesttriman - Um Triatlo de Distancia Longa diferente

 


O que se segue é um texto longo. Resume as minhas emoções e recordações quando revejo mentalmente o momento.

No passado Domingo voltei a participar num Triatlo de Distancia Longa, na famosa distancia celebrizada pela marca “Iron Man”, 3.8km a nadar, 180km a pedalar e 42km a correr.

Foi a minha 4ª participação neste desafio, todas elas no mesmo local. No Northwest Triman na pequena cidade de “As Puentes” no norte da Galiza.

Foi uma participação diferente de todas as outras. Depois da ultima participação em 2019, tinha decidido fazer uma pausa de uns anos nestas distancias. Fazer estas provas em modo competitivo, obriga a muitas horas de dedicação. Muita entropia numa vida já de si atarefada.

 O antes:

Mas no ultimo dia das inscrições para 2020, a pedido da família, inscrevi-me. Só assim faria sentido voltar a participar. Tinha que vir deles. A vontade tb tinha que ser deles.

Depois veio a pandemia e 2020 não aconteceu. E entretanto a pandemia entrou por dentro de 2021 e convenci-me que a prova ia ser adiada para o final do ano. Mas não foi 😊

Confrontado com o não adiamento e tendo em conta que em 2021 o meu treino tem sido virado para as distancias curtas, vi-me assaltado por algumas duvidas. Não vou? Tento mudar a inscrição para a média distancia? O que fazer?

Empurrado pela família, decidi deixar estar, tentar encarar a prova de forma diferente. De uma forma relaxada e tranquila, sem pressões competitivas. Sinto-me bem fisicamente e de saúde, a base e a consistência do treino está no corpo, sentia-me confiante para os segmentos de natação e ciclismo. Tinha consciência que me faltava o volume na corrida. A única o forma de conseguir fazer a corrida (e era só um pensamento incerto), e em modo de sobrevivência, era tentar chegar o mais imaculado possível a este segmento. Teria que nadar, e em especial pedalar, muito defensivamente. Esperar que as condições do dia não estivessem muito agressivas, alimentar-me bem e ver o que conseguia fazer na corrida. Queria pelo menos correr 20km continuamente.

Apesar de ir sem objectivos, não queria demorar mais de 12h, para ainda ir jantar com a família a tempo e horas. Além do mais, dias antes da prova, apercebi-me que tb havia um Portugal Bélgica para ver. 12h era razoável.

A minha preparação especifica constou num bloco de 2 semanas em que procurei fazer mais de 60km/semana. A corrida mais longa foi de 20km. Curto, mas deu para perceber que até ai iria bem.

Adoro o local da prova. Já criei laços com o mesmo e com algumas pessoas. Este ano tudo correu muito bem. A viagem, o rever as pessoas, o desfrutar da Galiza e da própria localidade. O descanso nunca é o ideal, mas faz parte. Há-que encontrar o balanço. Afinal ia passar uns dias de férias e pelo meio tinha um Iron Man para fazer.

A previsão do tempo para o dia não era animadora. Apesar de Sábado ter estado um dia agradável, o esperado para Domingo era a vinda da chuva e uma baixa significativa da temperatura. 15 graus de máxima. Tentando ver o copo meio cheio, o estar fresco ia ajudar na corrida, onde a dureza começa a sério.

Este ano, devido á pandemia, a corrida era realizada junto ao lago, num percurso praticamente todo em terra batida. Na mesma 4 voltas de 10.5km, que tal como no percurso dentro da cidade, um falso plano. Ganhávamos em beleza da vista, perdias no apoio e no calor humano (embora não tenha sido bem assim).

 Por dentro:

A prova este ano começava mais tarde de forma a evitar o que sucedeu em 2019. A neblina matinal obrigou ao cancelamento do segmento de natação. E para evitar ajuntamentos na corrida, a prova de Media Distancia começava 1º.  8h. A longa distancia às 8h30’. Os atletas da LD só poderiam entrar na box às 7h45’.

Isso fez com que acordasse a horas normais, sem stresses. Eram 7h estava a tomar o pequeno almoço tranquilamente só. A família queria dormir 😊 O hotel onde fiquei é a 2 km do lago. Decidi caminhar tranquilamente até lá. Era o meu momento zen solitário da manha. Ainda me ofereceram boleia, que prontamente recusei. Queria aquele momento para mim.

O meu único receio, dado o trauma de 2019, era que estivesse de novo neblina no lago. Vinha para fazer um Triatlo, não um Duatlo Longo. Duvidas que rapidamente se dissiparam quando cheguei ao lago! Nada de neblinas matinais!!!!

Dentro da Box foi tudo tranquilo. A partida da natação foi em rolling start, 2 atletas de 5 em 5’. Tudo funcionou com uma precisão incrível. De forma ordeira. Lá parti. Agua algo fria. Mas era para ir indo, no relax. Sem bater pernas, relaxado, sem grande esforço. Por volta dos 3km comecei a sentir frio, talvez por ir demasiado relaxado. Frio que se apoderou de mim na T1. Estavam 12 graus e eu tremia que nem varas 😊

Sabia que ia estar fresco, por isso levei por cima do tri suit um colete sem mangas. Ajudava tb na alimentação. Podia levar toda a alimentação comigo. Isso era importante. Arrependi-me de não ter ido mais tapado, demorei a aquecer, e sempre que chovia, voltava a arrefecer. Numa prova em que precisas de conservar energia e queres ir o mais confortável possível, não era bom.

Mais uma vez, o relógio apenas serviu para ver as horas e por ai estimar grosso modo os ritmos. A 1ª vez que olhei para ele foi quando comecei o segmento de ciclismo. E percebi que o tempo na natação foi uns 10’ a mais do que esperava. Mesmo indo no relax. Ainda não consigo explicar o sucedido. Em anos anteriores, nadei da mesma forma, e fiz menos 10’. Penso que terá sido um misto de ainda ter nadado mais lento, da agua estar algo choppy devido ao vento, e de o percurso ter na realidade mais de 4km. Em geral todos os tempos da natação foram altos.

O segmento de ciclismo foi em modo para arranca sem forçar nada. A ideia de chegar imaculado á corrida prevalecia. Parei certamente umas 15 vezes. 7 ou 8 para urinar (um fenómeno que já me sucedera em 2016 e que atribuo ao ir com frio), mais duas por cada volta. Uma para tirar fotos com a família e outra para reabastecer de líquidos. O regulamento este ano obrigava a paragem total nos reabastecimentos de ciclismo. Havia mesas self service. Os voluntários apenas diziam o que estava dentro dos bidons, mas não os podiam dar.  

As paragens tb serviam para avaliar o estado das pernas. E os sinais eram positivos. Fui sempre bastante confortável até aos 120k. A partir dai comecei a sentir desconforto na zona lombar e na zona do selim. Mas fisicamente ia bem, e isso era o mais importante. A alimentação e hidratação ia certinha!

Cheguei tranquilo à corrida, como pretendido. Fiz uma T2 pausada, estiquei-me um pouco e segui para o segmento. Os 1os km são sempre estranhos. O corpo precisa de encontrar o seu ritmo. Mas após o 5º km comecei a ter boas sensações. Não sabia a que ritmo ia. Claramente lento, mas não a passo de caracol 😊 Nesse momento podia claramente ter imprimido um ritmo diferente. Mas contive-me. Era muito cedo, e sabia que muscularmente não estava preparado para os 42km.  Parei novamente 1 x volta para urinar e nos reabastecimentos de 5 em 5km. Alimentava-me, hidratava-me e seguia. A única parte do percurso que não fazia a correr era a rampa dos 19% de inclinação.

Com o passar dos km, as pernas iam mostrando sinais de desgaste. Começavam a ficar pesadas, mas a meta tb estava mais próxima. Era procurar não ver o todo. O objectivo era correr até ao próximo reabastecimento. Depois desse, até ao seguinte. E assim foi, sempre certinho no ritmo.

Quando passei os 20km , as minhas expectativas já estavam cumpridas. Tudo o que viesse agora, já era ganho. O meu focus passou a ser terminar abaixo das 12h. Tens sempre que te “agarrar” a algo. E assim lá consegui correr os 42km sem caminhar!!!

Os meus receios de falta de apoio no segmento de corrida, não se confirmaram. Não faltou público a incentivar e mesmo quando não havia, lá estavam os incensáveis voluntários. Tremendo.

E assim terminei o meu 4º Triman. 11h49’, dentro do objectivo! Mais 50’ do que fiz em 2016. Obviamente que com condições diferentes, mas acima de tudo, uma atitude e idade diferentes. Nesse dia ia para o melhor possível. Mas este tb foi aquele em que sofri menos, em que partilhei mais o momento com a família, o que me deixa uma boa sensação imediata. Talvez até a vontade de voltar a fazer um em modo mais competitivo 😊. Algo que já estava fora dos planos. A ponderar.

 O depois:

Agora é descansar e voltar ás rotinas e às provas curtas!

Muitos foram os que me ajudaram nesta jornada. A todos eles um agradecimento de coração e embora nestas coisas já seja um lugar comum, um agradecimento especial à família. Não só pelo apoio durante toda a jornada, mas por suportarem toda a preparação para esta aventura. Este dias ficaram no coração. Vão perdurar para sempre.

E como sempre digo, não é pelas horas que passo a treinar, mas sim pelas horas em que estou cansado e não estou 100% disponível mentalmente como deveria estar. Já não falando dos planos por vezes adiados devido à logística dos treinos.

Bons treinos!