Friday 30 July 2010

“Picos” de Forma

A semana está a chegar ao fim. Desportivamente falando, correu bem. Queria voltar a ter uma semana consistente. Consegui.

As cargas não formam particularmente duras. A ideia é retomar devagar. E felizmente que assim foi, porque com o calor que esteve, as noites foram bastante más. O descanso foi fraco. Estou com aquela sensação de não frescura. Aquela que não tive a semana passada e me soube tão bem!

Indo directo ao tema do titulo. Antes do Triatlo de Aveiro (o Olímpico), numa conversa com um colega meu Triatleta, procurei saber como ele se sentia. Como estava a correr o treino. Que esperava ele da prova. A resposta dele surpreendeu-me. “Vou fazer um “pico” de forma” em Aveiro!

Traduzindo: vou estar no meu melhor nesse dia.

A minha resposta foi imediata. Mas fiquei a pensar nela. Fui no mínimo desanimador.

Isto porque não acredito que atletas verdadeiramente amadores, consigam planear “picos” de forma. Digo isto baseado na minha experiencia pessoal.

Um “pico” de forma implica um “taper” (período pré competitivo) físico e psicológico. O corpo tem que ter super compensado de todas as cargas de treino passadas e estar completamente descansado e relaxado. A mente também tem que estar 100% focada na prova. Corpo e mente têm que andar lado a lado neste período.

Uma super compensação física significativa tem que ser precedida por várias semana de treino consistente e árduo. O corpo tem que atingir um limite de cansaço bastante elevado.

Alguém que seja verdadeiramente amador, dificilmente consegue descansar e ter a consistência necessária para conseguir atingir este nível de cansaço. Existem n variáveis que não controlamos. Trabalho, família, etc.

Além disso, o processo de “taper” é complexo. Mesmo para profissionais. Algo que ainda não domino.

Acredito sim, em períodos melhores e piores. Isto é, se o treino andar a correr bem (porque as tais variáveis andam relativamente controladas ou porque andamos a treinar mais) a nossa forma física anda igualmente melhor. Se o descanso para uma determinada prova for de qualidade, e isso coincidir com um período de treino mais positivo, a probabilidade dessa prova correr bem é maior.

Resumindo, apostar tudo numa única prova, sendo verdadeiramente Amador, na minha opinião não faz sentido.

O que faz sentido é procurar estar melhor num determinado momento. Num intervalo de tempo mais alargado. Como por exemplo, um determinado mês.

Bons treinos

Monday 26 July 2010

Treino. Prós e Contras

A semana que passou foi muito calma. Foi tempo de curar as feridas e relaxar um pouco. Corri e pedalei ocasionalmente, mas sem estrutura. Andei fresco. Soube muito bem. Durante as rotinas normais de treino, quando o sono é mau e a recuperação pobre, a sensação de cansaço acompanha-me quase sempre. Levar ao corpo ao limite faz parte da evolução. Saber quando aliviar é a chave do sucesso. Concluo que muitas vezes não sei quando o fazer. Forço demais. Causa impacto no equilíbrio com a família e com o trabalho.

As minhas típicas semanas de treino são compostas por nove sessões. Três de natação, três de corrida, duas de ciclismo e um “brick” bicicleta corrida. A forma como se distribuem pela semana é: três dias uma sessão única, três dias bidiários e um dia de “descanso”. O Sábado. Quando comento estas rotinas com amigos, a maioria das vezes o comentário normal é perguntarem como o consigo sem retirar muito tempo à família. A pergunta é óbvia. A resposta não tanto. As horas de treino estão muito longe de serem o problema na gestão familiar. Por norma treino de madrugada e/ou ao almoço. Ao Domingo, no treino longo, às 10h da manhã já estou em casa.

 
Tento que o impacto seja mínimo no convívio familiar. É claro que se rentabiliza-se melhor a hora de almoço, poderia ir para casa mais cedo. Mas termos tempo para nós é importante. Preciso deste espaço para mim. Procuro não abusar. E não é o tempo passado a treinar que impacta com a família e com o trabalho Mas sim a conjugação de dois factores:
  • O cansaço provocado pelo treino;
  • O excesso de motivação;
Cansaço
Quando andas cansado, ficas improdutivo, sem paciência, pouco disponível. Pode representar um grave problema. As crianças precisam de muita tolerância. São traquinas, irreverentes, confrontadoras. Gostam de nos testar. Quando se anda cansado, perde-se a capacidade de diálogo. De as tentar demover usando a inteligência. Partes para a agressividade com muita facilidade. Quando deveria ser o último dos últimos recursos. Por outro lado, arrastas-te pelo sofá, perdes iniciativa para brincar com elas, para as estimular, para conviveres e criares relação.

O mesmo se passa no trabalho. Se a sessão matinal for demasiado dura, a produtividade do dia pode estar comprometida. O mesmo se passa com a sessão do almoço. Se abusas, o sono pode tomar conta de ti de tarde. A produtividade vai-se. 
Por outro lado, o treino no longo prazo, faz-te estar fisicamente mais disponível. Especialmente quando andas mais descansado. Nessas alturas não há criança que tenha mais energia que eu e no trabalho consegues estar super produtivo.

  
Motivação

Como todas as obseções na vida, quando se anda super motivado com algo, tudo o resto perde importância. É secundário. Andar demasiado motivado e absorvido pelo treino pode causar impactos na família e no trabalho. Queres melhorar, todos os bocados de tempo que julgas livres, aproveitas para treinar. Esqueces que poderias fazer algo diferente. Namorar, ir comer um gelado com a familia, etc. Nem te passa pela cabeça. Tornas-te um refém do treino. Encontrar o equilíbrio certo é fundamental. Mesmo no trabalho, perdes-te a procurar informação na Internet sobre treino, estás impaciente pela próxima sessão de treino. A tua cabeça anda longe. A tua produtividade e focus, são fracos. No entanto, se conseguires transportar a tua competitividade interna e a disciplina que impões nos treinos para o trabalho, podes-te transformar num “super” trabalhador. 

 
Como depreendem dsa minhas palavras, neste “jogo” existe um lado bom e um lado mau.

O lado mau não é as horas que se passa a treinar. Mas sim o impacto que isso causa na tua disponibilidade física. O excesso de motivação é igualmente um problema. Saber encontrar o equilíbrio destes factores é fundamental. 

 
Esta semana estou de volta aos treinos estruturado. O objectivo é fazer três semanas de treino consistente antes de ir de férias. Altura em que o treino é apenas de manutenção.

  
Um abraço e bons treinos

Monday 19 July 2010

Triatlo de Aveiro – Tributo ao Lance Armstrong

Dizem que os homens com o avançar da idade se tornam mais solidários uns com os outros. Já tinha comentado em “posts” anteriores algumas coisas que tenho em comum com o Lance Armstrong. Convêm frisar que nada têm a ver com feitos desportivos. Automobilisticamente falando, o homem é um Fórmula 1 e eu um 2 cavalos:)

Como ele tem dado umas quedas valentes na Volta à França deste ano, no Sábado, em Aveiro, decidi fazer o mesmo. Mas, olhem, fiquem bem pior tratado que ele:(

Pois é, cai e desisti. Não há muito que contar a não ser que tive 30m na enfermaria rodeado de 3 simpáticas socorristas e uma enfermeira.

Mas vamos lá do inicio. Como é meu costume, fui em cima da hora. A prova era às 16. Sai da casa às 13h, cheguei às 15h. Nem tive tempo de experimentar a bicicleta. Foi fazer o check in e ir aquecer para água.

Esperava-me uma natação sem fato. Água a 25 graus. Sabia que a partida era decisiva. A colocação na entrada do canal decide o resultado final. Não é possível fazer ultrapassagens a partir dai. A linha de partida estava dividida por grupos. Mulheres, Veteranos e os restantes. Os veteranos estavam melhor colocados que os restantes. Estavam mais próximos da entrada do canal. Tentei partir encostado a eles, mas sem me colocar muito à frente. E claro, o arranque não me correu bem. Muita confusão, muita pancada. O que já estava à espera. O que não contava é que fosse durante todo o segmento. Nadei sempre junto do mesmo grupo (não havia volta a dar). Quando sai da água, reparei que o Fernando Carmo estava ao meu lado. Era um mau indicador. Ele, por norma, sai da água 1m atrás de mim aos 750m. Mas por outro lado, quando cheguei ao parque de transição, vi o Nuno Pereira. Que nada melhor que eu. Fiquei algo baralhado sobre a minha performance no segmento. Agora, depois de ver os tempos finais, concluo que a performance foi fraca. Embora se confirme o que disse. A entrada no canal decide muito. Alguns atletas que nadam melhor que eu, saíram atrás de mim.

Fiz uma boa T1 (sem fato ajuda sempre), e segui para o ciclismo. Tentei ir na roda do Fernando Carmo. Mas ele pedala muito. Para ir com ele, precisava de um grupo. Sozinho ainda aguentei 2/3 de volta, mas a determinada altura tive que o deixar ir. Não tinha capacidade para aquele andamento. Depois foi encontrar o meu ritmo e o grupo certo para gerir o esforço doseadamente. Até que já na 4 volta (eram 6 no total), por volta do km 23, aconteceu a queda. Um misto de azar e nabice. Ia a rolar perto dos 40km/h, num grupo de 5 elementos. Eu ia em 3º no grupo. Tirei a mão direita do volante para retirar um gel do bolso do meu fato. Nesse preciso momento, só vejo os dois atletas da frente desviarem-se de um buraco. Eu não consegui. Passei directo pelo mesmo. A roda de trás bateu forte e o pneu furou. Perdi o controlo da bicicleta e zás. Num segundo ia de arrasto pelo alcatrão fora. Ainda pensei em continuar, mas tinha o pneu furado e não tinha levado camera de ar de suplente:)

Fui vagarosamente a pé até à enfermaria, onde, como já sabem, fui “carinhosamente” assistido:)
 
Agora é sarar as feridas. Nada que me tire a motivação. Continuarei a treinar (nadar não, que neste estado não posso) e voltarei a competir provavelmente só em Setembro.

A parte mais negativa, é que provavelmente teria conseguido o passaporte para um lugar na finalíssima no Estoril em Outubro. Resta-me Setúbal em Setembro para o tentar.
Sendo logo após as minhas férias de Verão, a forma nessa altura, vai estar muito mediana! Sem stress.


Bons treinos

Monday 12 July 2010

Regresso à Competição

No próximo Sábado regresso á competição.
Triatlo Olímpico de Aveiro. Um razoável empeno me espera. Este tipo de provas é muito ingrato. A estratégia passa por tentar ir em grupos de ciclismo os mais fortes possíveis. Mas isso, fez-me ir ao limite muitas vezes. Pagas esses esforço na corrida.
Vou sem grandes objectivos. Apenas terminar e fazer melhor que o ano passado.

Felizmente as doenças já se foram e o treino tem sido normal. Nem bom, nem mau!
 É nestas alturas que dou mais valor à modalidade. Alturas em que não tens objectivos particulares de provas e onde se aproximam as férias de Verão. É fácil desmotivar, perder forma e meter uns quilos a mais. Sendo 3 modalidades, mesmo não estando focado em nenhuma prova em particular, encontras sempre uma motivação particular qualquer! E assim vais mantendo as rotinas e a forma física!

Ao contrário do Triatlo Longo de Aveiro, esta prova é disputada no centro da cidade. A natação é feita no canal principal da Ria que atravessa o mesmo. Muito diferente do cenário das restantes provas. Normalmente são disputadas em Rios, Barragens ou no Mar.
O canal é estreito e a colocação à entrada do mesmo é vital para o resultado final do segmento de natação. É o momento “máquina de lavar a roupa”. Autenticamente. 200 Atletas e tentar ganhar posição num canal com 5m de largura!
 O segmento de ciclismo é de dureza média. Muitos retornos, muitas subidas curtas, muitas mudanças de andamento. Não me agrada particularmente. Não pelas características do mesmo, mas pela envolvência. Algum betão, descampados, viadutos, prédios…pouca harmonia.
 A corrida é diferente. Percurso pelo centro da cidade, uma parte dentro do jardim. Junto aos braços da ria. Bastante agradável.
 Antes de terminar queria deixar uma nota de admiração ao Lance Armstrong. Somos da mesma idade e temos o mesmo número de filhos (embora ele vá desempatar em breve). É fantástico como alguém já “entradote”, saia do conforto do sofá e encontre motivação para tentar ganhar novamente a Volta à França. Ontem teve o seu pior dia de sempre na prova. Mas a atitude no final mostra bem a sua mentalidade. O “Fair Play” e a atitude positiva com que reagiu são únicos de um grande campeão.

Engraçado que nos anos em que ele disputava a volta com o Jan Ulrich, sempre fui pelo alemão. Estive sempre à espera que o Lance tivesse um dia como o de ontem.


Mas ontem, ao vê-lo ficar para trás, fiquei desapontado. Queria vê-lo lá na frente, a discutir a etapa. Queria até que ele a vencesse!

Bons treinos