Friday, 9 December 2011

Capacidade de Sofrimento

Há pouco tempo atrás estava a ler um artigo sobre a Mark Allen On-line. A empresa de coaching do Mark Allen. Era o resumo de uma entrevista com ele. Onde se abordavam temas diversos. Honestamente, quando comecei a ler a peca jornalística achei que não ia ter grande interesse. Mas enganei-me. O conteúdo era simples, terra a terra e realista. Gostei.

Um dos assuntos que ele abordava era a capacidade de sofrimento dos atletas. Especialmente no Triatlo de longa distância. Quem já fez este tipo de provas, sabe que a determinada altura no segmento de corrida, o corpo começa a dar sinais para abrandar ou mesmo parar. A gestão psicológica destes momentos é decisiva para o desenrolar da prova. É importante manter a mente numa “frame” positiva. Se nos deixamos invadir por pensamentos negativos, rapidamente abrandamos, paramos ou mesmo desistimos. É natural que eles apareçam, mas temos que os contrariar. Gerir o subconsciente!

Por experiencia própria sei o que isso é. Descobri que no meu caso, quando entro nessa “zona” o meu sofrimento tem um comportamento sinusoidal. Vai e vem. De quanto mais dura, maior começa a ser a frequência. Em algumas provas que fiz, depois de terminar, fiquei muitas vezes surpreendido por ter “aguentado”, resistido.

O Mark Allen ganhou no Hawai a 1ª vez após várias tentativas. Segundo ele, faltava-lhe esta capacidade. Só quando a adquiriu alcançou o desejado triunfo. Que voltaria a repetir mais 5 vezes.

Dei por mim a pensar em algumas provas da época 2010/2011. Exemplos são o Triatlo Longo de Lisboa, o Triatlo Longo de Aveiro e o CN de Triatlo em Abrantes. Em todas elas andei bastante no segmento de corrida. Se em Aveiro o sofrimento apareceu muito cedo, já em Lisboa apareceu depois de noutros anos.

É verdade que o meu nível físico não estava como em anos anteriores. Mas a diferença era pequena.

A justificação que encontro é que a minha mente não estava com disponibilidade para sofrer de outros anos. Faltou-me resistência mental. Não estava com espírito lutador. Desconheço as razões. Talvez falta de motivação. A falta de rivalidades ou a falta de ter objectivo concretos. Foi um ano ao sabor do vento.

Se bem que o importante para mim continua a ser participar e terminar. Mais do que qualquer objectivo classificativo. Mas quando te vês nos últimos lugares da classificação, a ser ultrapassado por atletas com menor capacidade, o teu orgulho de alguma forma fica “ferido”.

Tentarei reagir:). A ver se reencontro novamente esta capacidade de sofrimento para a época 2011/2012. Pelo menos nas provas mais importantes.

Bons treinos. Bem equipados que está muito frio!

Espíritos Antiquados - Continuação.

No meu último post "Espíritos Antiquados" falei de paradigmas e de como vivemos agarrados a eles. Mas faltou-me concluir. Faltou fazer a ligação entre isso e o mundo real. Os assuntos do dia-a-dia.

Ocorrem-me dois. Um de âmbito geral e que nos toca a todos. O estado actual da Economia e a forma como e pensada. Não sendo um expert em Economia, tenho algumas noções básicas. Nos últimos tempos, sempre que ouço comentários e analises sobre o estado da mesma, o discurso e sempre o mesmo. Todos lêem os mesmos livros, dizem as mesmas coisas. Tipo pensamento único difundido. Honestamente, a sensação com que fico, e que ninguém sabe como resolver o problema e que os modelos económicos actuais estão desadaptados. Precisamos de alguém que veja para além do paradigma. Que entenda o fundo da questão e apresente novas ideias e novas formas de pensar.

O outro assunto e o treino de atletas. Um tema pelo qual tenho um interesse maior.
A maioria dos treinadores conhece o conteúdo dos livros de referência, conhece os princípios gerais do treino, percebe e sabe aplicar as modelizações e alguns têm as suas próprias filosofias. Mas falham na compreensão de que cada atleta é diferente. Que não há receitas neste tema. Estão pouco focados no objectivo final e mais no processo de treino. Nas % das cargas, nas zonas treino, etc. Alguém dizia que o processo de taper começa do primeiro dia do processo de treino. E termina no dia do objectivo principal. Concordo.
Eu próprio no meu processo de auto treino, tenho dificuldades em “sair” do processo de treino e estar centrado no objectivo final. Ainda hoje não o sei fazer.
A iniquidade de cada atleta adiciona complexidade à função. Torna-a desafiante. Os treinadores devem questionar-se todos os dias se o que se esta a fazer é o correcto. Não estar agarrados a fórmulas. Serem inovadores.

Nunca devemos pensar que já se sabe tudo, que nada mais à para descobrir. O que há por descobrir é muito mais do que o que já foi descoberto. Isto deve estar sempre presente!

Bons treinos!