Monday 22 November 2010

Doping no Desporto.

Eis um tema sempre sensível de se falar. Ontem, Domingo, durante o meu treino matinal a minha cabeça ia a 100 a hora. Vários assuntos me assolavam a mente. Ia sem energia nas pernas. Estava toda na cabeça:)
Um dos que surgiu foi precisamente o do doping. Apeteceu-me escrever sobre o mesmo.

Tenho acompanhado com alguma atenção na Cycling News a evolução da investigação que esta a ser levada a cabo pela Agencia Federal Americana sobre doping no ciclismo. Mais concretamente na antiga US Postal. Sempre com o Lance Armstrong como alvo.

É algo de diferente nesta área. Mais serio. Uma investigação mais profunda. Ainda não estou certo que ira resultar em algo. A modalidade e muito fechada. Blindada. Mas tudo aponta que poderá revelar novidades que vão deixar o normal cidadão surpreendido. Acredito que poderá ser um passo importante para uma modalidade mais limpa.

É um tema que me deixa com sentimentos mistos. Digo isto, porque não é o doping que faz um campeão. No entanto, no ciclismo, todos os campeões se dopam. Ou se “tratam”, palavra mais agradável de pronunciar!

No ciclismo os ladrões andam á frente dos polícias. E estamos a falar dos polícias mais desenvolvidos e bem equipados que existem no mundo do desporto. Alem disso, os polícias encobrem os ladrões frequentemente. Como em tudo o que envolve dinheiro, existem sempre relações promíscuas.

Embora nos últimos anos se perceba que os atletas andam mais controlados. A introdução do Passaporte Biológico, a realização de testes cirúrgicos fora de competição e o maior controlo policial durante as competições, fazem com que os ladrões tenham que andar mais controlados. As performances do último par de anos reflectem isso mesmo.

Pensem comigo. Jan Ulrish e Ivan Basso. Ambos "apanhados" na Operação Puerto. Agora vejam, com quem eles disputavam a volta a Franca. Com LA. E quem ganhava? LA. Então se estes senhores andavam "tratados", como é que o LA lhes ganhava? Ou é um extra terrestre ou o doping não causa assim tanta diferença no desempenho. Ora, nem uma nem outra são verdadeiras. Logo, a conclusão e óbvia.

Recentemente assistimos a confissões de doping de alguns ex vencedores do Tour. Bjarn Riis e o recentemente falecido Larent Fignon. Já Anquetil tinha dito ironicamente que não se subiam montanhas a “água e bifes”.

Estou convencido que LA virá um dia a fazer o mesmo. Neste momento, há muito dinheiro envolvido. Muitos interesses. Será que isto faz dele um mostro? Como parece que a investigação americana quer fazer provar? Não creio.

Uma coisa me parece óbvia. Os primeiros 20 classificados do Tour estão todos “tratados” da mesma forma. Quem ganha é efectivamente o melhor. LA foi o melhor durante 7 vezes. Esse mérito nunca lhe poderá ser retirado. As armas eram idênticas para todos. Além disso, ele revolucionou a forma de preparar um Tour. A forma meticulosa como o fazia. O reconhecimento das etapas, a forma como controlava o peso, etc. O focus que demonstrava no objectivo principal. È uma lição para a vida.

Existe também a parte negativa. Ele alimentou a cultura existente. Até a poderá ter desenvolvido. Vive uma vida de hipocrisia. Se bem que a meu ver os atletas são as maiores vítimas do sistema. Médicos, Directores Desportivos, treinadores e responsáveis pela modalidade são os grandes culpados.
Infelizmente para o ciclismo, a sua visibilidade na comunicação social relativamente estes assuntos é muito má. É uma modalidade muito popular. Estas notícias vendem jornais. Não creio que em outras modalidades a situação seja muito diferente.

Estou crente que tudo isto venha a fazer do ciclismo uma modalidade bem mais “limpa”. E, ironicamente, todas as outras ficarão a dever o aumento da sua transparência ao mesmo.

Entretanto, vou aguardando com curiosidade o resultado da investigação. E recorrendo aos meus próprios métodos de “tratamento”. Sementes de linho, óleo de salmão e vitamina C:)

Bons treinos

Friday 19 November 2010

Peso Ideal

No inicio de todas as épocas, penso sempre nesta questão. Ou melhor, penso sempre que preciso perder uns quilos. Para quem socializa comigo, isto pode parecer uma heresia! Todos dizem que estou magro. Muito magro. A começar pela Mama e a acabar na Sogra:)

Diria que em relação ao cidadão normal, sim, estou magro. Mas nos desportos de resistência, o peso tem uma importância fundamental. Teres que transportar excesso de peso durante horas, tem um custo energético alto. O objectivo dos atletas de resistência é reduzir a massa gorda ao máximo mantendo-se saudáveis. Melhorar a constituição corporal. Manter ou aumentar a massa muscular e reduzir a massa gorda. Tipicamente, um Triatleta de Elite masculino tem uma % massa gorda na casa dos 6 a 8%. Eu andarei nos 13 a 14%. Como vêm, comparado com um atleta de Elite, estou muito “gordo”:)

Vejam a foto que anexo. O atleta da frente é o Michael Raelert. Ele venceu a campeonato do mundo de 70.3 à 15 dias. Se o visse na rua vestido, julgar que tinha 70 anos e que estava a morrer de Cancro! Por isso, quando algum amigo me perguntar o mesmo, devo ter atingido o peso ideal!

Não, não ambiciono ter a composição corporal de um atleta de elite. Não possuo a genética nem as horas de treino necessárias. Mas penso sempre em baixar para valores na ordem dos 11%. Nunca o consigo fazer. Não tenho a disciplina necessária para cumprir a dieta. O pecado da gula trai-me sempre:)

Regra geral tenho uma alimentação cuidada. Mas quando e necessário fazer estas "afinações" finais, há que passar por alguns sacrifícios e cumprir uma dieta espartana. “Not for me”: Pelo menos até hoje!

Este ano decidi comprar um livro para ver se me motivo. "Racing Weigth". Duvido que resulte! Possuo na minha biblioteca já alguns livros sobre o tema. Procurava neste algo mais prático. Não tanto o que se deve comer, mas sim como operacionalizar a dieta. Gerir o apetite, etc. O livro não me decepcionou. O autor revela bom senso. E encontrei informação nova em alguns capítulos.

Uma ideia que retorça é que se deve contar as calorias que se ingerem de tempos a tempos. Ter uma noção do consumo calórico diário. Algo que nunca faço. Não é fazível no meu caso. Considero que é um tema para profissionais ou amadores extremamente dedicados.

Reforça igualmente a ideia que o objectivo da dieta do atleta não deve ser atingir um determinado peso. Mas sim melhorar a composição corporal de forma a melhorar o rendimento. Faz todo o sentido. Mas regra geral, quando se discute este tema, fala-se sempre em atingir um determinado peso. O que é errado.

Outra ideia interessante é que a gordura não é inimiga. Alguns atletas de elite podem chegar a consumir 40% das calorias provenientes da mesma. O importante é o valor total das calorias. Não se são 20% ou 40% vindas da gordura. Embora o valor de 40% será sempre mais aplicado a atletas de distância longa.

Dito isto, estou certo que ninguém me vai abordar na rua e perguntar se tenho Cancro:)
Mas ando tentado a melhorar a composição corporal. No entanto, comer pão, Hambúrgueres e Pizas, está no meu ADN.

Por isso, seja o que o apetite quiser!

Bons treinos














Friday 12 November 2010

Um tributo à Dedicação.

Enquanto vou pensando nos desafios desportivos para 2011, não posso deixar de escrever umas palavras sobre a determinação de alguém que admiro. Determinação essa que é um exemplo para a vida de todos nós. Profissional ou não.

Estou a falar do Paulo Guedes.

Para que lê os meus posts com regularidade, o Paulo pertence ao meu grupo de corrida do Estádio Nacional. Foi o grande responsável por me ter feito entrar na “em zonas antes impensáveis de sofrimento no Triatlo de Lisboa.

Para quem já ultrapassou a barreira dos 50 anos, o Paulo apresenta uma condição física invejável. É um excelente atleta com algumas particularidades. È pequeno e leve. Mas num corpo muito proporcional. Atlético. Tem zonas cardíacas absolutamente anormais. O seu ritmo em repouso ronda os 30 e poucos batimentos. Idêntico ao de atletas de alta competição bem treinados. Mas a seu batimento máximo não ultrapassa os 150. Ao chegar aos 140 a sua respiração começa a ser ofegante. Algo, que no meu caso, só sucede próximo das 170.

Mas è unicamente eficiente. Possui uma invejável técnica de corrida e o seu corpo tem pilhas “Duracell”. Se formos fazer series de limiar de 6 x 1000m, com algum treino, consigo bate-lo. Mas quando começamos a subir a distância, a sua eficiência é imbatível.

Diz o “Lore of Running” que com planos de treinos equivalentes podes estimar o tempo da maratona multiplicando o da meia por 2,11. No caso do Paulo, este valor deve ser 2,05!

Um dos seus objectivos dos últimos anos tem sido baixar das 3h à Maratona. Começou como a maioria de nós, com tempos na casa das 3h15m-10m. Foi baixando e em Dezembro de 2009 conseguiu chegar às 3h2m. Naquela que foi a primeira tentativa seria de baixar das 3h. E esta tentativa já foi realizada depois de meses antes ter abortado uma preparação já recta final devido a lesão.
Este ano apontou para Berlim. Mas infelizmente no dia da prova estavam 4º grau e chuva. Não correu bem. Mas isso não o desanimou. Apontou para o Porto.

E bingo, 2h59m30s!

Mas nem é da marca que quero falar. Realço sim a forma meticulosa e determinada com que se prepara. Como cumpre os planos, como controla o peso, como se foca no objectivo.
Esta é a lição para todos nós. Como diz a Adidas “Impossible is Nothing”.

Os meus parabéns!

Bons treinos