Thursday 29 April 2010

Does size matters?


Periodicamente gosto de analisar a qualidade das minhas performances nos 3 segmentos do Triatlo. Em qual deles tenho mais aptidão? Concluo sempre que sou melhor no ciclismo e mais fraco na corrida. Mas curiosamente, ao longo dos anos, os 3 segmentos tem ficado mais equilibrados.
Tenho 1.86cm, 81kg de peso. Segundo o senso comum, a estrutura oposta à de um corredor. Será por isto que nunca serei um bom corredor? A minha resposta é não.
Ok, o peso (estrutura) limita, a altura, do meu ponto de vista não. Existe uma opinião generalizada que os bons corredores de meio fundo e fundo têm que ser pequenos. O mesmo para os ciclistas que tencionem ganhar provas por etapas. Para se andar bem nas montanhas não se pode ser alto. Estatisticamente concordo, mas não creio haver evidencia cientifica disso. O meu ponto é: quanto mais alto melhor. Desde que a estrutura seja adequada e eficiência se mantenha.
Vejam o caso do Usain Bolt. Dizia-se que os velocistas tinham que ser pequenos. O Miguel Endurain, que pesava quase 80kg em forma e tinha perto de 1,90m. O Jan Ulrich, que tinha mais que 1,80m. O proprio Jan Frodeno, campeão olímpico de Triatlo. 1.93m. Um corredor formidável. Tecnicamente quase perfeito. O que poderá fazer um Cancelara numa volta a França com menos 5kg? Ok, ele não nasceu com a estrutura perfeita. Mas com uma dieta bem desenhada, é possível conseguir que ele a venha a ter. O mesmo sucedeu com o Miguel Indurain.
Imaginem um Kenisa Bekele com mais 20cm mas estruturalmente igual. Seria por certo ainda mais rápido. Não duvido.
É provável que a raça humana ainda não consiga "criar" seres humanos altos que tenham a estrutura e eficiência ideal para correr (já dizia o meu pai que se fosse para correr, teríamos ficado sempre com 4 patas). Mas também é verdade, que se fores alto, desde de pequeno que irás ser orientado para outras modalidades, que não a corrida. A tua estrutura e a tua eficiência nunca serão moldadas à corrida.
Um dos meus futuros objectivos é tentar melhorar um pouco a minha corrida. Na estrutura não posso mexer (ok, posso perder peso). Mas posso mexer na eficiência. Não só treinando mais mas acima de tudo alterando a minha técnica de corrida.
Esta é uma das vantagens de praticar Triatlo. É sempre fácil arranjar um novo objectivo para manter a motivação e ir treinando!
Bons treinos

Wednesday 28 April 2010

Triatlo Longo de Lisboa. Uma estranha forma de comemorar a Liberdade.


Costumo brincar com o meu pai com isto.
A prova, por norma, ocorre sempre numa data próxima do 25 de Abril. Digo-lhe sempre que a minha contribuição para a liberdade é dedicar o meu sofrimento nesta prova. E este ano, que sofrimento! Mas sou crente que em matéria de sofrimento, a memória é curta. Certamente também sofri muito o ano passado e há dois anos.
Quanto à prova em si, para não variar, a ultima noite voltou a ser curta e má. Levantei-me às 5h20m. Comi, vesti-me e segui para a Expo (já tinha todo o material no carro desde a noite anterior). Cheguei por volta das 6h40m. A esta hora, os parques de estacionamento estão bem vazios. Estacionei o carro bem perto do pavilhão atlântico. Tranquilamente fiz o “check in”. Gosto de sentir o ambiente nesta altura. Todo o aparato, a agitação, as conversas, etc.
Às 7h40m dirigi-me para a partida. Fiz 10m de aquecimento e procurei colocar-me bem para a largada. Com tantos atletas, uma má colocação pode custar 2m no tempo final da natação.
A minha estratégia para o segmento passava por ir tranquilo. Apanhar "pés" o máximo possível para poupar energia. Já perto do final do segmento recordo-me de me lembrar que não tinha colocado os elásticos nos sapatos de ciclismo. Que estranho pensamento. Fiz uma T1 tranquila. Nem sequer olhei para o relógio para saber qual era o tempo da natação. No final percebi que tinha sido perfeitamente normal, como suspeitava.
Segui para o ciclismo. Ia controlar o meu esforço através do Ergomo e do pulsometro. A ideia era manter a potência entre os 240w e os 260w quando a rolar em plano e não deixar o ritmo cardíaco passar dos 150 bpm.
E assim fui durante a 1a volta. No decorrer da mesma, na saída do ic2, reparei que um grupo grande se vinha a formar atrás de mim e que me iria absorver mais cedo ou mais tarde. Aconteceu no inicio da 2a volta.
Este ano, ao contrário do que fiz há dois anos, decidi manter-me no grupo procurando sempre ir dentro da distância legal de drafting. Uma decisão pouco pacífica. Não me vou alongar aqui sobre a mesma, mas podem sempre ler o tópico "PT na estação do oriente" no forum da Tri-Oeste (http://www.tri-oeste.pt/). Neste grupo vinha o Paulo Guedes, que faz parte do meu grupo de corrida no Estádio Nacional. Mais à frente nesta crónica irão perceber o quanto importante são estes pequenos despiques particulares.
Rolei com o grupo (que absorveu igualmente o César) mais de uma volta. Tudo se desfez na 3a subida em Stª Iria. No final da mesma, dei por mim com os mais fortes do grupo. Ficamos uns 5 elementos próximos. A partir dai procurei não perder o contacto. Forcei o ritmo sabendo que estava já bem fora dos meus limites e que corria o risco de a corrida se transformar num pesadelo. Este “forcing” permitiu-me chegar à T2 aproximadamente 3m antes do Paulo Guedes. Esta vantagem acabou por ser decisiva. O Paulo é um bom maratonista. Sabia que viria detrás tentar "apanhar-me".
Surpreendentemente até sai da T2 relativamente solto e a 1a volta correu bem. Pelos cálculos, mantendo o ritmo, ia para 1h31m baixos. Demasiado bom para acreditar. A minha preocupação na altura eram as cambreas. Vinha com ameaças já desde o final do ciclismo. Por volta dos 8km, tudo mudou. Comecei a sentir as pernas super pesadas. Completamente destruídas (ainda hoje, 4 dias depois, tenho bastantes dores). Tive que baixar o ritmo. Entrei em modo de sobrevivência e ainda faltavam 12km. Uma eternidade.
No entanto, já aprendi de outras "guerras" que o sofrimento é sinusoidal. Vai e vem. E claro que quando volta, volta mais forte. Fui aguentando como podia esses momentos. Por vezes senti-me a arrastar-me completamente. A determinada altura decidi andar nas estações de reabastecimento. O objectivo passou a ser correr até chegar à seguinte. Depois logo se via.
No penúltimo reabastecimento já na 4a volta (a norte da Expo) percebi que o Paulo Guedes vinha muito perto. Demasiado. Talvez uns 20s. Arranquei ao ritmo que podia e decidi não parar no último reabastecimento. A meta estava a 1km. Procurei nunca olhar para trás, mas na esquina Sul da Marina, depois de passar os estrados de madeira, olhei pelo canto do olho e vi o Paulo mesmo muito perto. Uns 10s.
Nesse momento acelerei. Nem eu sabia que o conseguia fazer naquele estado. Foi instintivo. Estava a 500m da meta. Seria possível aguentar 500m aquele ritmo? Em teoria, não! Aguentei até entrar na recta da meta. Faltavam 300m. O corpo dizia para parar. Estava a sofrer e muito. Fixei o olhar no pórtico de meta e pensei: só paro quando lá chegar. E assim foi. Cheguei a gritar, a gemer. Quem estava na recta da meta deve ter ouvido. Foi um final de loucos. Mas sim, o Paulo não me passou:) 5s foi a diferença. Infima para o meu tempo final na prova. 4h42m.
Paulo, desde já te queria deixar um obrigado. Sem ti, não teria sobrevivido como o fiz na corrida. E muitos parabéns. Fantástica prova. Um exemplo para todos nós. O Paulo é V3 (esclação 50-55 anos)!
No final, estava completamente esgotado. Nada no corpo. Mas a sensação de satisfação era imensa. Tinha terminado, num tempo relativamente bom (embora eu ligue pouco ao tempo final) dentro de uma prestação que até a mim me surpreendeu.
Não cumpri o 3º objectivo a que me propunha. A tal pessoa era o João Durão. Faltaram 6m. Que é uma eternidade. Mas precisamos destes objectivos para nos motivarmos.
Agora é descansar esta semana. Ainda não sei qual será a próxima prova. Certamente estarei em Oeiras e Peniche. Mas o bichinho de Aveiro anda a moer…

Bons treinos



Friday 23 April 2010

Triatlo Longo de Lisboa

(http://www.lisboatriathlon.com/

É já manhã!
Se estou preparado? Bem, a resposta não é linear.
Digamos que psicologicamente sim. Fisicamente talvez não. Amanhã se veráJ
É a 3ª vez que participo na prova. A motivação continua intacta, mas a ansiedade é muito menor. O que é positivo.
A preparação foi fraquita. Nunca consegui fazer as sessões longas que pretendia e a consistência foi fraca. Por isso tentei prolongar o treinar o mais tarde possível. Por norma, vou aliviando o treino 15 dias antes. Na última semana praticamente não faço “nada”. Este ano apenas descansei esta semana. Infelizmente as noites têm sido más. Mas estarei fresco à partida.
Irei procurar desfrutar ao máximo do evento. As condições meteorológicas são promissoras. Pouco vento, algumas nuvens e uma óptima temperatura (www.windguru.com (Alhandra)). A presença de atleta estrangeiros ajuda a criar um ambiente diferente, uma motivação adicional. É uma prova única cá em Portugal.
A estratégia para a prova passa por fazer uma natação relaxada, um ciclismo muito controlado e uma corrida bem doseada. A dificuldade é saber qual é o ritmo “controlado” certo na bicicleta para o meu estado actual de forma.
O 1º objectivo é terminar. O 2º melhorar o tempo do ano passado (4h53m) e o 3º ganhar a uma determinada pessoa.
2º Feira darei novidades.

Bom fim-de-semana

Wednesday 14 April 2010

Reflexões

Um comentário que recebi sobre a crónica do Triatlo do Ribatejo dizia que eu estava a ser muito exigente comigo mesmo.
Fiquei a pensar no assunto. É verdade que ser exigente faz parte do espírito competitivo. Alimenta a motivação e faz-me continuar a vibrar com as provas.
Mas quando tento remover a emoção e uso a razão, é bem possível que esta “critica” seja correcta.
Se olhar para os meus últimos 3 meses, o descanso, em particular o sono, tem sido muito pouco. O nascimento do Joaquim veio criar mais entropia numa família já de si agitada. As noites passaram a ser ainda mais curtas. Por vezes muito mais. Sendo eu um “atleta 10 horas/semana", a consistência sempre foi a chave da minha evolução. Tentar manter este volume de treino, com menos descanso, é sempre um desafio.
A qualidade do treino tem sido fraca. O volume vai lá estando, mas a qualidade deixa muito a desejar. Realisticamente, tenho que estar satisfeito pela prova do Ribatejo e por poder estar na partida do Xterra.
Esta semana regressei de férias. Praticamente não nadei durante este período. Aproveitei para fazer uns bons treinos de ciclismos pela serra do Soajo. Muita subida. A contrastar com as estradas planas do Ribatejo.
Dia 24 conto estar na partida do Triatlo Longo de Lisboa (http://www.lisboatriathlon.com/). O objectivo principal é terminar. Mas vou tentar melhorar o tempo do ano passado.
Tudo passa por ter cabeça no ciclismo e esperar estar num bom dia.
Agora é descansar.

Bons treinos
Paulo

Tuesday 13 April 2010

XTerra Figueira da Foz


Já está!
Xterra (http://www.xterraportugal.com/pt/) no cv!
Uma agradável experiencia. Cheia de peripécias. A começar pela dúvida em participar até ao dia anterior.
Quando me inscrevi, não me apercebi que a data do evento era mesmo a meio das férias da Pascoa. Nesse período estavam planeadas umas férias com a família no Minho. Para piorar a situação, nesse fim-de-semana, um casal amigo ia juntar-se a nós. A hora de inicio da prova 14h, era boa para a prova em si, mas péssima para a logística familiar. Lá se ia o dia inteiro.
Mas estava decidido a ir. Ás 10h sai do Minho rumo a Figueira da Foz. A viagem foi tranquila. Cheguei eram 12h20m. O tempo estava instável. Algum Sol, vento e pontualmente aguaceiros.
Preparei o material e fiz o "check-in". O lote de atletas presentes era muito bom. O que é natural. Estas provas são duras. É necessária preparação, mesmo se o objectivo seja só terminar.
A natação era no rio Mondego. Muito perto da foz. Duas voltas num percurso triangular de 750m. A água estava gelada. 14 Graus. O desafio era mais psicológico que físico. Estar quase 30m dentro de água a esta temperatura, mesmo de fato isotérmico, ia ser desconfortável.
Os 10m de aquecimento só confirmaram isso.
A partida foi confusa. Quando soou o tiro de partida, ainda me encontrava na escada de acesso à partida. Não era relevante. A natação era para ir tranquilamente, sem grande esforço. Mais ou menos minuto, não era significativo.
Os verdadeiros problemas começaram quando sai da água. Logo a começar pela T1. Tinha as mãos geladas. Para tirar o fato, calcar as meias e os sapatos...perdi imenso tempo.
Depois, já dentro da serra, assim que apareceu a primeira poça de lama, começaram os problemas mecânicos. A corrente estava laça (sei agora). Quando fazia mais forca na transmissão, a corrente prendia no eixo pedaleiro e lá tinha que desmontar. Alem disso fui perdendo os andamentos mais leves.
Para piorar, quando finalmente tinha encontrado o meu ritmo, já na 2a volta, cai. Queda estúpida. Alem de ficar maltratado numa mão e num joelho, foi o golpe de misericórdia na mecânica. A partir daí, foi tudo muito a mãoL
O percurso de btt era duro e muito técnico. Esperava dureza, mas nada tão técnico. Na primeira volta ia algo "chateado" com os problemas mecânicos e com o grau técnico da prova. Não gosto muito de andar com a bicicleta a mãoJ.
Aprendi duas coisas antes de fazer estas provas: reconhecer o percurso antes e levar a bicicleta bem afinadinha!
Dei-me por satisfeito quando cheguei à corrida. Agora, nada me poderia impedir de terminar. Desfrutei bastante do percurso. Era muito diferente dos normais. Quase todo “fora da estrada”, com obstáculos (alguns artificiais) e com 2km de corrida na areia da praia.
Tinha apontado para um tempo final por volta das 3h15m. Terminei com 3h24m. O resultado foi modesto. Claramente poderia ter feito menos 5 a 10m no segmento de BTT.
Em termos gerais gostei da experiencia. Provavelmente é para repetir!
Agora, espera-me o Triatlo Longo de Lisboa no dia 24!
Bons treinos.