No passado Domingo foi
dia de regressar á Galiza para participar pela 3ª vez no Northwest Triman.
Uma prova de Triatlo
Longo disputado na mítica distância Iron Man (3.8km a nadar, 180km a pedalar e
42km a correr) na pacata localidade de As Pontes de Garcia Rodriguez.
“Next time you're looking for a race adventure, don't forget to think outside of the bigger names. Smaller events offer a unique experience. “You are less a part of a cookie-cutter formula where everything works like clockwork”
Era o regresso passado um
ano, muito em parte motivado para acompanhar o meu companheiro de treinos a
limpar os fantasmas menos positivos da edição de 2018.
O que mudou na
preparação. Basicamente duas coisas:
- Concentrei o treino longo de corrida num único dia mas partido por duas sessões, evitando assim treinos muito longos de corrida;
- realizei um par de sessões mais longas de ciclismo;
Se me sentia melhor
preparado? Difícil responder. Sentia-me sim mais descansado. Melhor dormido e
mais relaxado e fresco.
O dia não começou da
melhor forma. Quando já estava de fato isotérmico vestido, fomos informados
pelo Juízes que o segmento de natação ia ser cancelado. Algo que me apanhou de
surpresa. Há poucos lugares melhores para nadar que aquele lago. A agua é
translucida, quase não há correntes e a temperatura da água nunca é muito fria.
Não esperava aquela noticia. O segmento de natação ia ser substituído por uma
1ª corrida. Além da deceção de não fazer
um triatlo, o meu segmento mais fraco é o de corrida. Se já duvidava se
conseguiria correr os 42km no fim, neste formato, pior ainda.
A razão do anulamento
prendia-se com a falta de visibilidade. Estava uma neblina matinal assente sobre
o lago que impedia que se visse as boias. Era impossível navegar e assegurar a
segurança dos atletas.
No entanto, a decisão
ainda foi revertida. A neblina levantou ligeiramente e ainda fomos chamados
para a praia para partir. Os atletas que participavam na prova com metade da
distancia ainda partiram. Mas imediatamente começaram a navegar na direção
errada, tendo os juízes decidido (e bem) retirar todos os elementos da água.
Em pouco minutos era
anunciado o que já se esperava. Natação cancelada e substituída por uma corrida
de 8km. Teríamos que correr 50km no total. Pouco animador L
Procurei resolver rápido
a deceção. Gosto muito daquele local, respeito imenso esta prova e havia um dia
longo de competição pela frente. Iria usar os 1os 8k como aquecimento. E assim
foi.
Se por um lado este kms
iam colocar um maior stress sobre os grupos musculares inferiores, tendo em
conta o frio que estava a natação ia implicar um dispêndio calórico superior.
Obviamente preferia ter nadado, mas difícil inferir se teria corrido melhor os
últimos 42km se não tivesse corrido estes 8 iniciais. Esta 1ª corrida era em
terra batida, num percurso junto ao lago. Procurei desfrutar a natureza daquele
momento. Tudo muito tranquilo.
Comecei o ciclismo com
boas sensações. Tinha que ir fácil, poupar-me muscularmente. É sempre um
desafio para mim este segmento. É onde se pode deitar tudo a perder. Se por um
lado sabia que tinha que ir fácil, por outro é o segmento onde me sinto mais
confortável, onde posso recuperar posições. Tinha que encontrar o balanço
certo.
Fui perdendo conforto e
frescura com o passar dos km. A frescura era normal, o desconforto, escusado. Falta
de km na bicicleta de TT com o Trisuit. É um aspeto a melhorar. Procurei
alimentar-me e hidratar-me bem. Algo que descurei em 2018 e paguei caro!
Chegava a ultima corrida.
Nada menos que uma maratona. Num percurso que não é fácil. 350m de acumulado de subida,
com imensos falsos planos. Como iria ser?!! Comecei razoável. As pernas estavam
a responder. Era um bom sinal. Havia que continuar a comer como um relógio. 1
gel de 5 em 5km. A estratégia estava a funcionar. Ia bem do ponto de vista
geral. O melhor que sempre me senti nestas aventuras. Mas aos 15km comecei a
quebrar muscularmente. A pernas começaram a ficar pesadas. Inflamadas!!! A
eficiência começou a ir-se. Havia que travar um ritmo que de si já era lento. Ainda
faltava muito e havia que gerir. Entrava em modo de sofrimento quando ainda
tinha mais que 2h de prova pela frente. Não valia a pena pensar nisso. Comecei
a gerir de 5 em 5 km. Chegar aos 20, aos 25, aos 30…chegados os 35 já não havia
forma de parar. Estava feito. Fico
sempre impressionado com a capacidade de sofrimento do ser humano.
Aquele ultimo km no
planalto do lago custa imenso. Parece que não acaba! Mas depois da descida, o
sentimento de satisfação começa a tomar conta de ti e as pernas até aceleram
até á meta.
Mais uma jornada para
recordar!
10h32’ de prova divididos
por 42’ 1ª corrida, 5h47’ ciclismo e 3’58’’ na ultima corrida.
Mais uma vez, apesar de
levar relógio, nunca olhei para eleJ Tudo foi gerido por sensações.
Olhando a prestação,
obviamente fiquei satisfeito, mas fica a sensação que posso tirar 10’ na
corrida. Falta mais kms de bicicleta e um par de kg a menos.
Mas estas provas são mais
que a competição em si. Super orgulhoso da prestação do Bruno Fonseca. Ainda
pensei que te conseguia apanhar na corrida. Mas honestamente não queria. Isso
teria significado que terias quebrado (mais do que já iasJ). Não é fácil correr uma maratona quando já se
vem em perda no ciclismo. Imagino a tua luta mental. Certamente mais difícil que
a minha. Mas geriste bem, deste a volta e terminaste saudável. E fica a
sensação que com mais um par de anos, tiras 30’ ao teu tempo. Evoluíste imenso
num ano. Estás de parabéns.
Trazer as nossas famílias
e fazer estas aventuras juntos é especial. Este ano foi diferente. Ter tido a
minha mulher e os meus dois filhos mais pequenos presentes deu outro encanto ao
momento. Eles são os mais sacrificados pelas horas que passo a treinar e em
particular pela falta de paciência quando ando cansado. Sem o apoio deles, em
particular da minha mulher, nada disto seria possível.
Um agradecimento particular
ao 3B e ao que significa ter uma equipa, um grupo, aos Triatletas de Marinhais
que no seu processo de preparação para Roth me deram uns valentes empenos de
bicicleta, á Ribapedal que me ajuda a manter as duas rodas sempre operacionais
e claro, ao Bruno Fonseca por todo o companheirismo nesta aventura. Sem ti não
era a mesma coisa.
Tocou-me o casal Galego que
não conheço mas que me acarinhou incansavelmente durante toda a corrida cada vez
que eu passava. Cada vez que os via, ganhava uma nova alma.
Um obrigado tb ao pessoal
do Hotel pela hospitalidade. Fomos recebidos como se fossemos da família!
Agora é recuperar. Se
voltarei a meter-me noutra aventura destas. Aqui ou em outro local? Não sei.
Não faço prognósticos. Não quero pensar nisso agora J
Gosto disto “á brava” e
este local tornou-se unicamente especial.
Bons treinos.
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