Tuesday, 27 October 2020

Triatlo de Setubal, o "cabo das Tormentas":)

 


Decorreu no passado Domingo a 4ª Edição do Triatlo de Setúbal, prova da qual sou totalista.

A boa notícia é que continuo a ser totalista, a menos boa é que não foi nada fácil conseguir o feito 😊

Sabia que estava prevista uma “pequena” tempestade para a hora da prova. Em particular durante o segmento de ciclismo. E infelizmente a previsão desta vez não falhou.

O vento sul já se fazia sentir logo pela manhã, embora não estivesse a chover. Como resultado, o mar apresentava alguma marola, típica dos dias de vento. Nada que eu não goste ou me assuste, mas entendo que para muitos que experimentam estas andanças, pode fazer com que o percurso de ciclismo seja intransponível. Por esse motivo o segmento de natação foi encurtado para aproximadamente 1000m.

Como sempre, não usei relógio, nada de gadgets, 100% sensações.

A natação correu bem. A agua estava fresca e o mar picado, senti-me normal e procurei navegar bem. Servia de aquecimento!!!

Rapidamente chegava o segmento de ciclismo e começava a “tormenta”. Tinha chovido durante o período da natação Os piso estava molhado e o vento já estava muito forte. O percurso, especialmente dentro de Setúbal, tem algumas curvas a 90%, lombas, zonas de calçada portuguesa. Para alguém como eu que não prima pela perícia na bicicleta, ainda por cima com a bicicleta de TT, todos os cuidados eram poucos. A probabilidade de cair era muito grande. Todo percurso dentro de Setúbal e as descidas da serra da Arrábida foi feito apenas com uma preocupação, não cair! Felizmente, na segunda passagem pela Serra, o piso estava mais seco, o que ajudou psicologicamente!!!

Mas a tormenta a serio estava para vir. Pelos 45km, comecei a sentir desconforto da ancas e na zona lombar. Algo que já tinha sucedido em Caminha. Embora tenha elevado ligeiramente a posição, não resolveu. Nessa altura foi necessário pedalar contra vento debaixo de chuva forte. Quebrei psicologicamente. O desconforto ia a “matar-me”. Desconfortável, debaixo de um temporal, ainda a meio do percurso, a cabeça começou a querer ir para casa e por os pés á lareira.

Para não ajudar, o facto de ir concentrado na segurança, fez com que tivesse descuidado a alimentação. Comecei a alimentar-me muito tarde. Numa prova onde vais a gastar mais energia que o normal devido ás condições, não era o ideial.

Mas desistir nunca é opção. Tentei gerir a prova por partes, blocos de 10 em 10km. Mas perdi focus, momento, reduzi o ritmo. Nunca me senti numa posição de atacar a prova. Só queria que aquilo acabasse!! Por os pés no chão. A serra estar mais seca na ultima passagem ajudou e muito!!!

E finalmente terminou!! Vendo os parciais depois da prova, até fiquei agradavelmente surpreendido, o tempo do segmento até foi aceitável, não comprometeu!

A corrida foi lenta como sempre, mas bem gerida. As pernas iam pesadas, moídas. Nunca senti que pudesse arriscar um ritmo mais rápido. Adotei o meu ritmo de sobrevivência. Aquele que me permitia desfrutar e acreditar que o podia manter durante os 21km! E assim foi, sem quebras e ainda deu para me “soltar” um pouco nos últimos quilómetros.

Estava feito. E até bem feito tendo em conta as condições

Em anos anteriores já obtive melhores classificações com prestações menos boas. O nível global e dos “velhotes” tem vindo a crescer!!

Saliento ainda a participação massiva do Clube, com varias prestações individuas de relevo! O 5º lugar por equipas não deixa duvidas!!! Num ano difícil para a união e para o associativismo desportivo, acabar assim é reconfortante.

E para que esta prova fique ainda mais na memoria, o apoio exterior tocou-me.

Desde os elementos do próprio clube que estavam a assistir, ao ouvir chamar o meu nome por pessoas conhecidas que no momento nem identificas quem são, ao ouvir chamar Peter Pan por pessoas que nem conheço, no ternurento e único megafone do manos Neves que me faziam rir a cada passagem mesmo com a chuva a cair-lhes na careca e a terminar na grande surpresa de ter a presença durante a corrida da minha mulher e do meu filho Joaquim  (que dadas as condições, não esperava que sucedesse). São pequenos momentos de gratidão que ficam e que guardarei para sempre recordar.

Agora é recuperar, manter a motivação e talvez volte no próximo ano. Afinal tenho que defender o meu estatuto de totalista!!!

Saudações desportivas!