Decorreu no passado Domingo a 4ª Edição do Triatlo de Setúbal, prova da qual sou totalista.
A boa notícia é
que continuo a ser totalista, a menos boa é que não foi nada fácil conseguir o
feito 😊
Sabia que estava
prevista uma “pequena” tempestade para a hora da prova. Em particular durante o
segmento de ciclismo. E infelizmente a previsão desta vez não falhou.
O vento sul já se fazia sentir logo pela manhã, embora não estivesse a chover. Como resultado, o mar apresentava alguma marola, típica dos dias de vento. Nada que eu não goste ou me assuste, mas entendo que para muitos que experimentam estas andanças, pode fazer com que o percurso de ciclismo seja intransponível. Por esse motivo o segmento de natação foi encurtado para aproximadamente 1000m.
Como sempre, não
usei relógio, nada de gadgets, 100% sensações.
A natação correu
bem. A agua estava fresca e o mar picado, senti-me normal e procurei
navegar bem. Servia de aquecimento!!!
Rapidamente
chegava o segmento de ciclismo e começava a “tormenta”. Tinha chovido durante o
período da natação Os piso estava molhado e o vento já estava muito forte. O
percurso, especialmente dentro de Setúbal, tem algumas curvas a 90%, lombas,
zonas de calçada portuguesa. Para alguém como eu que não prima pela perícia na
bicicleta, ainda por cima com a bicicleta de TT, todos os cuidados eram poucos.
A probabilidade de cair era muito grande. Todo percurso dentro de Setúbal e as
descidas da serra da Arrábida foi feito apenas com uma preocupação, não cair!
Felizmente, na segunda passagem pela Serra, o piso estava mais seco, o que
ajudou psicologicamente!!!
Mas a tormenta a
serio estava para vir. Pelos 45km, comecei a sentir desconforto da ancas e na
zona lombar. Algo que já tinha sucedido em Caminha. Embora tenha elevado
ligeiramente a posição, não resolveu. Nessa altura foi necessário pedalar
contra vento debaixo de chuva forte. Quebrei psicologicamente. O desconforto ia
a “matar-me”. Desconfortável, debaixo de um temporal, ainda a meio do percurso,
a cabeça começou a querer ir para casa e por os pés á lareira.
Para não ajudar,
o facto de ir concentrado na segurança, fez com que tivesse descuidado a
alimentação. Comecei a alimentar-me muito tarde. Numa prova onde vais a gastar
mais energia que o normal devido ás condições, não era o ideial.
Mas desistir
nunca é opção. Tentei gerir a prova por partes, blocos de 10 em 10km. Mas perdi
focus, momento, reduzi o ritmo. Nunca me senti numa posição de atacar a prova.
Só queria que aquilo acabasse!! Por os pés no chão. A serra estar mais seca na
ultima passagem ajudou e muito!!!
E finalmente
terminou!! Vendo os parciais depois da prova, até fiquei agradavelmente
surpreendido, o tempo do segmento até foi aceitável, não comprometeu!
A corrida foi
lenta como sempre, mas bem gerida. As pernas iam pesadas, moídas. Nunca senti
que pudesse arriscar um ritmo mais rápido. Adotei o meu ritmo de sobrevivência.
Aquele que me permitia desfrutar e acreditar que o podia manter durante os
21km! E assim foi, sem quebras e ainda deu para me “soltar” um pouco nos últimos
quilómetros.
Estava feito. E
até bem feito tendo em conta as condições
Em anos
anteriores já obtive melhores classificações com prestações menos boas. O nível
global e dos “velhotes” tem vindo a crescer!!
Saliento ainda a
participação massiva do Clube, com varias prestações individuas de relevo! O 5º
lugar por equipas não deixa duvidas!!! Num ano difícil para a união e para o
associativismo desportivo, acabar assim é reconfortante.
E para que esta
prova fique ainda mais na memoria, o apoio exterior tocou-me.
Desde os
elementos do próprio clube que estavam a assistir, ao ouvir chamar o meu nome
por pessoas conhecidas que no momento nem identificas quem são, ao ouvir chamar
Peter Pan por pessoas que nem conheço, no ternurento e único megafone do manos
Neves que me faziam rir a cada passagem mesmo com a chuva a cair-lhes na careca
e a terminar na grande surpresa de ter a presença durante a corrida da minha
mulher e do meu filho Joaquim (que dadas
as condições, não esperava que sucedesse). São pequenos momentos de gratidão que
ficam e que guardarei para sempre recordar.
Agora é
recuperar, manter a motivação e talvez volte no próximo ano. Afinal tenho que
defender o meu estatuto de totalista!!!
Saudações
desportivas!
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