Ultimamente tenho escrito exclusivamente sobre as minhas provas. Ocorreu-me desta vez escrever sobre algo diferente. A importância do trabalho de equipa no Triatlo. Especialmente no que se refere a provas de distancia olímpica onde o drafting no segmento de ciclismo é permitido.
Não é um tema novo. Mas a sua importância cada vez é maior. Se recordarmos os últimos Jogos Olímpicos é fácil perceber que alguns países, os que conseguem ter 3 elementos, utilizam estratégias de equipa durante a prova. Tanto no segmento de ciclismo, como no segmento de natação.
Foi evidente que países como a Nova Zelândia, o Canadá, tinham na sua equipa um elemento cuja principal função era trabalhar no segmento de ciclismo de forma a garantir que o “chefe de fila” chegasse à corrida em posição de disputar a vitória. Não admira que estes elementos tenham ficado nas últimas posições. Mas ambos os seus chefes de fila, chegaram às medalhas.
Ainda neste ultimo fim-de-semana, na prova de Elites masculinas do Campeonato da Europa, assistimos a um trabalho de equipa tremendo da equipa Inglesa. Durante o segmento de ciclismo, o grande favorito à vitória, o Inglês Alister Brownlee, teve um furo. Que o fez atrasar um par de minutos. Imediatamente um outro elemento da equipa deixou-se ficar para trás para o ajudar a juntar ao grupo principal. Ao mesmo tempo, outro elemento tentava abrandar o ritmo na frente da corrida. Dessa forma, Alister conseguir voltar a reentrar no grupo principal, acabando por vencer a prova.
As declarações do Espanhol Xavier Gomez no final da prova são igualmente reveladoras das estratégias que ocorrem durante o segmento de natação. Queixava-se ele que um elemento da equipa Inglesa o tentou desviar da sua rota. Era comum assistir a estas “manobras” por parte de Australianas e Americanas nos tempos áureos da Vanessa Fernandes.
A própria escolha do 3º elemento de algumas nações, não obedece exclusivamente a critérios de resultados competitivos individuais. Obedece a esta lógica do jogo de equipa. Um exemplo é a federação americana de Triatlo ter escolhido um ex-ciclista para membro da equipa de seleccionadores. Alguns países optam por fechar a equipa com muita antecedência. Com o objectivo de optimizar e praticar as estratégias de equipa com antecedência.
Mas ter um excelente ciclista na equipa pode não ser suficiente. Vejamos o que tem acontecido ultimamente em algumas provas do circuito ITU. Especialmente nas provas onde o segmento de natação é disputado sem fato isotérmico, tem havido formação de grupos. E o grupo da liderança inclui sempre atletas muito fortes em qualquer segmento. Tornando muito difícil aos grupos mais atrasados, reagrupar. Se o objectivo é controlar a prova, o elemento “sacrificado” terá que ser igualmente um excelente nadador.
Se olharmos à selecção Portuguesa, tudo indica que teremos um super corredor que é o João Silva. Num dia sim, e dependo da sua evolução durante 2011 e 2012, poderá disputar os lugares cimeiros. Top 10. Contamos igualmente com um excelente ciclista. O Bruno Pais. A grande questão é saber se conseguirá sair da água junto dos da frente. E se o conseguir, estará ele disposto a trabalhar para a equipa sacrificando a sua classificação final. Não esquecer que foi 16º nos últimos JO e 12º na grande Final ITU do ano passado. É um atleta que num dia bom pode surpreender. Sacrifica-lo não é uma decisão fácil O terceiro elemento deverá ser ou o João Pereira ou o Duarte Marques. Ambos melhores nadadores que o Bruno, mas que têm no ciclismo o seu ponto mais frágil.
Desconheço na totalidade como está a FTP a encarar este tema. Mas acredito que com o aproximar da data dos JO, comece a ser um tema importante na agenda!
Bons treinos!