Há mais de 10
anos que pratico Triatlo. De uma forma continua, ano após ano. Apesar de alguns
altos e baixos motivacionais, tenho conseguido manter a pratica da modalidade ano
após ano. Tem ajudado ter uma relação com a modalidade que considero “pouco fundamentalista”
do ponto de vista de resultados classificativos. Procuro melhorar todos os
anos, mas não faço disso uma obsessão.
O facto de manter
as horas de treino semanais (10h a 13h) dentro de limites aceitáveis para a
minha mente (de notar que não é para o meu corpo) e estáveis aos longos dos
anos, tb tem ajudado. Tenho-me mantido sem lesões e com a cabeça relativamente pouco
saturada!
No meu caso, que
tenho filhos e um trabalho full time,
passar um determinado limite de horas de treino semanais, começa a ter um efeito
negativo na minha motivação. Começa a ser Triatlo a mais!! Mas obviamente que
pensas sempre que se com mais umas horitas de treino (não sei bem como), não
andarias mais.
A dificuldade,
não está em apenas gerir as horas a mais de treino, mas sim em gerir o descanso.
Se treinas mais tb precisas de descansar mais. Se não o fazes, não melhoras, não
vale o esforço adicional e acabas por cansar a mente e desmotivar. E talvez por
serem já muitos anos, algumas questões
começam a assolar a tua(minha) mente.
Quando treinas
mais de 10h por semana (e não se pense que é muito. Alguns amadores treinam
mais de 20h e um profissional certamente mais de 35h), isso exige rotinas, sacrifícios,
roubar tempo ao sono, etc. Interfere na tua vida. Quando o fazes anos a fio
consecutivos, por vezes paras para pensar. Questionas se deves mudar (não
parar), fazer algo diferente.
Quando és miúdo
tens muitos sonhos. Uma vida pela frente. Vais mantendo alguns durante a vida e
desistindo de outros. Com o passar dos anos, percebes que não tens tempo para
fazer tudo. A vida é curta. Tem que tomar opções. E se queres fazer algo bem,
esse algo vai consumir tempo, exigir sacrifícios.
Vais ter que desistir de outros sonhos. Com o passar do tempo, esta sensação
fica mais presente, quase te “morde”J
No meu caso,
sempre achei que podia fazer muitas coisas. Não nasci predestinado para isto ou
para aquilo. Acho sempre que podia ter feito (e fazer) inúmeras coisas na vida.
Poderia praticar outra modalidade desportiva ou até algo não relacionado com desporto.
Certamente que sim. Pratiquei em miudo modalidades tão distintas como o Judo, a Vela, o Basquetebol,
o Xadrez, etc. E gostei de todas elas. Curiosamente, nenhuma modalidade de resistênciaJ
Encontrei no
Triatlo, já depois dos 30 anos, uma forma de manter a minha condição física.
Que me tem ajudado em tudo o resto. Aprendi a gostar da modalidade. Da sua
envolvente, diria quase do seu “cheiro”.
Dá-me particular
satisfação ter ido a Tagarro, disputar o Nacional de Duatlo de Age Groups, e
sentir o ambiente das provas. Os rituais. Dei por mim a rolar a mais de 40km/h
na bicicleta e a pensar que adorava aquilo. Aquela adrenalina, aquele “sofrimento”.
Que tudo fazia sentido. São momentos como
este que me dão certezas. É verdade que abdiquei de alguns sonhos, mas não foi
em vão. Troquei-os por emoções terrenasJ
E até posso
desmotivar e abandonar a modalidade amanhã, mas com a certeza que valeram a
pena todos este anos.
Aprendi uma
lição muito importante. Daquelas que ouves desde pequeno, que está em todos os
livros de boas práticas, mas que só a vivendo adquire outro significado. Na vida,
os sucessos, são “99% transpiração e 1% inspiração”
Não nasci com genética
para desportos de resistência. Longe disso. Mas aprendi que ter ou não ter genética,
não se traduz numa diferença abismal. Faz a diferença entre conseguir vencer ou
não, mas com esforço e dedicação, podes minimizar muito essa diferença de herança
genética.
O segredo,
simples: Repetir, repetir, repetir. De forma consistente. E não resulta só
com o triatlo. É aplicável a tudo na vida.
Bons treinos!!