Thursday 19 February 2015

Vida, Triatlo, Reflexões, Perspectivas e Compromissos



Há mais de 10 anos que pratico Triatlo. De uma forma continua, ano após ano. Apesar de alguns altos e baixos motivacionais, tenho conseguido manter a pratica da modalidade ano após ano. Tem ajudado ter uma relação com a modalidade que considero “pouco fundamentalista” do ponto de vista de resultados classificativos. Procuro melhorar todos os anos, mas não faço disso uma obsessão.

O facto de manter as horas de treino semanais (10h a 13h) dentro de limites aceitáveis para a minha mente (de notar que não é para o meu corpo) e estáveis aos longos dos anos, tb tem ajudado. Tenho-me mantido sem lesões e com a cabeça relativamente pouco saturada!

No meu caso, que tenho filhos e um trabalho full time, passar um determinado limite de horas de treino semanais, começa a ter um efeito negativo na minha motivação. Começa a ser Triatlo a mais!! Mas obviamente que pensas sempre que se com mais umas horitas de treino (não sei bem como), não andarias mais.

A dificuldade, não está em apenas gerir as horas a mais de treino, mas sim em gerir o descanso. Se treinas mais tb precisas de descansar mais. Se não o fazes, não melhoras, não vale o esforço adicional e acabas por cansar a mente e desmotivar. E talvez por serem já muitos anos,  algumas questões começam a assolar a tua(minha) mente.

Quando treinas mais de 10h por semana (e não se pense que é muito. Alguns amadores treinam mais de 20h e um profissional certamente mais de 35h), isso exige rotinas, sacrifícios, roubar tempo ao sono, etc. Interfere na tua vida. Quando o fazes anos a fio consecutivos, por vezes paras para pensar. Questionas se deves mudar (não parar), fazer algo diferente.

Quando és miúdo tens muitos sonhos. Uma vida pela frente. Vais mantendo alguns durante a vida e desistindo de outros. Com o passar dos anos, percebes que não tens tempo para fazer tudo. A vida é curta. Tem que tomar opções. E se queres fazer algo bem, esse algo vai consumir  tempo, exigir sacrifícios. Vais ter que desistir de outros sonhos. Com o passar do tempo, esta sensação fica mais presente, quase te “morde”J

No meu caso, sempre achei que podia fazer muitas coisas. Não nasci predestinado para isto ou para aquilo. Acho sempre que podia ter feito (e fazer) inúmeras coisas na vida. Poderia praticar outra modalidade desportiva ou até algo não relacionado com desporto. Certamente que sim. Pratiquei em miudo modalidades tão distintas como o Judo, a Vela, o Basquetebol, o Xadrez, etc. E gostei de todas elas. Curiosamente, nenhuma modalidade de resistênciaJ

Encontrei no Triatlo, já depois dos 30 anos, uma forma de manter a minha condição física. Que me tem ajudado em tudo o resto. Aprendi a gostar da modalidade. Da sua envolvente, diria quase do seu “cheiro”.

Dá-me particular satisfação ter ido a Tagarro, disputar o Nacional de Duatlo de Age Groups, e sentir o ambiente das provas. Os rituais. Dei por mim a rolar a mais de 40km/h na bicicleta e a pensar que adorava aquilo. Aquela adrenalina, aquele “sofrimento”.  Que tudo fazia sentido. São momentos como este que me dão certezas. É verdade que abdiquei de alguns sonhos, mas não foi em vão. Troquei-os por emoções terrenasJ

E até posso desmotivar e abandonar a modalidade amanhã, mas com a certeza que valeram a pena todos este anos. 
Aprendi uma lição muito importante. Daquelas que ouves desde pequeno, que está em todos os livros de boas práticas, mas que só a vivendo adquire outro significado. Na vida, os sucessos, são “99% transpiração e 1% inspiração”
Não nasci com genética para desportos de resistência. Longe disso. Mas aprendi que ter ou não ter genética, não se traduz numa diferença abismal. Faz a diferença entre conseguir vencer ou não, mas com esforço e dedicação, podes minimizar muito essa diferença de herança genética.

O segredo, simples: Repetir, repetir, repetir. De forma consistente. E não resulta só com o triatlo. É aplicável a tudo na vida.

Bons treinos!!

2 comments:

  1. Muito bom, Paulo. Somos Pessoas diferentes, mas revejo-me em grande parte das tuas palavras. Contudo, esse foi um estado de espírito que tive, sensivelmente da mesma forma, há cerca de uma década atrás. Olímpio

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  2. Olá Paulo, também iniciei a prática do triatlo há 10 anos, vinha do remo, e a mudança foi muito agradável. Hoje sinto o triatlo e o desporto em geral, como algo que me complementa. Já pensei que deveria reduzir a intensidade, algumas vezes, que deveria parar com a competição, mas confesso que nunca me atrevi a levar por diante esta ideia, sei também que se todo o tempo que tenho despendido com o desporto, se o canalizasse para outras actividades, como por exemplo, o enriquecimento curricular, estaria numa situação profissional mais confortável, mas como dizes e bem, os dias passam rápido e a vida é breve, Hoje, considero que não devemos parar, e que estamos numa luta diária que nos dá um enorme prazer, no final, só isso interessa.

    Já agora, quando te apetecer poderemos jogar umas partidas de xadrez, algo que adoro particularmente.

    Abraço

    Chuva Vasco

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