Eis um tema sempre sensível de se falar. Ontem, Domingo, durante o meu treino matinal a minha cabeça ia a 100 a hora. Vários assuntos me assolavam a mente. Ia sem energia nas pernas. Estava toda na cabeça:)
Um dos que surgiu foi precisamente o do doping. Apeteceu-me escrever sobre o mesmo.
Tenho acompanhado com alguma atenção na Cycling News a evolução da investigação que esta a ser levada a cabo pela Agencia Federal Americana sobre doping no ciclismo. Mais concretamente na antiga US Postal. Sempre com o Lance Armstrong como alvo.
É algo de diferente nesta área. Mais serio. Uma investigação mais profunda. Ainda não estou certo que ira resultar em algo. A modalidade e muito fechada. Blindada. Mas tudo aponta que poderá revelar novidades que vão deixar o normal cidadão surpreendido. Acredito que poderá ser um passo importante para uma modalidade mais limpa.
É um tema que me deixa com sentimentos mistos. Digo isto, porque não é o doping que faz um campeão. No entanto, no ciclismo, todos os campeões se dopam. Ou se “tratam”, palavra mais agradável de pronunciar!
No ciclismo os ladrões andam á frente dos polícias. E estamos a falar dos polícias mais desenvolvidos e bem equipados que existem no mundo do desporto. Alem disso, os polícias encobrem os ladrões frequentemente. Como em tudo o que envolve dinheiro, existem sempre relações promíscuas.
Embora nos últimos anos se perceba que os atletas andam mais controlados. A introdução do Passaporte Biológico, a realização de testes cirúrgicos fora de competição e o maior controlo policial durante as competições, fazem com que os ladrões tenham que andar mais controlados. As performances do último par de anos reflectem isso mesmo.
Pensem comigo. Jan Ulrish e Ivan Basso. Ambos "apanhados" na Operação Puerto. Agora vejam, com quem eles disputavam a volta a Franca. Com LA. E quem ganhava? LA. Então se estes senhores andavam "tratados", como é que o LA lhes ganhava? Ou é um extra terrestre ou o doping não causa assim tanta diferença no desempenho. Ora, nem uma nem outra são verdadeiras. Logo, a conclusão e óbvia.
Recentemente assistimos a confissões de doping de alguns ex vencedores do Tour. Bjarn Riis e o recentemente falecido Larent Fignon. Já Anquetil tinha dito ironicamente que não se subiam montanhas a “água e bifes”.
Estou convencido que LA virá um dia a fazer o mesmo. Neste momento, há muito dinheiro envolvido. Muitos interesses. Será que isto faz dele um mostro? Como parece que a investigação americana quer fazer provar? Não creio.
Uma coisa me parece óbvia. Os primeiros 20 classificados do Tour estão todos “tratados” da mesma forma. Quem ganha é efectivamente o melhor. LA foi o melhor durante 7 vezes. Esse mérito nunca lhe poderá ser retirado. As armas eram idênticas para todos. Além disso, ele revolucionou a forma de preparar um Tour. A forma meticulosa como o fazia. O reconhecimento das etapas, a forma como controlava o peso, etc. O focus que demonstrava no objectivo principal. È uma lição para a vida.
Existe também a parte negativa. Ele alimentou a cultura existente. Até a poderá ter desenvolvido. Vive uma vida de hipocrisia. Se bem que a meu ver os atletas são as maiores vítimas do sistema. Médicos, Directores Desportivos, treinadores e responsáveis pela modalidade são os grandes culpados.
Infelizmente para o ciclismo, a sua visibilidade na comunicação social relativamente estes assuntos é muito má. É uma modalidade muito popular. Estas notícias vendem jornais. Não creio que em outras modalidades a situação seja muito diferente.
Estou crente que tudo isto venha a fazer do ciclismo uma modalidade bem mais “limpa”. E, ironicamente, todas as outras ficarão a dever o aumento da sua transparência ao mesmo.
Entretanto, vou aguardando com curiosidade o resultado da investigação. E recorrendo aos meus próprios métodos de “tratamento”. Sementes de linho, óleo de salmão e vitamina C:)
Bons treinos