Há algum tempo que não publico nada neste blog. Tenho pensado em escrever várias coisas mas acabo depois por não concretizar. A ver se é desta.
Ao ler a última publicação Inside Triatlhon vários temas me ocorreram. De entre eles houve um que me fez pensar no tema inovação. Na forma como no nosso dia-a-dia aceitamos o que vimos e ouvimos e tornamos isso na nossa “lei”, nas nossas regras, nos nossos paradigmas. A nossa incapacidade natural para questionarmos as coisas. Se elas realmente são como nos as apresentam. Ir ao fundo da questão.
Estava a ler um artigo de nutrição sobre a Zone Diet. Basicamente é uma dieta onde 40% das calorias vêm dos hidratos, 30% da gordura e 30% da proteína. O consumo de hidratos deve vir maioritariamente das frutas e dos vegetais. As proteínas devem ser magras e a gordura deve enfatizar a ingestão de ácidos gordos W3. A ideia passa por reduzir o nível inflamatório do corpo. Nesse estado, ele maximiza a produção de energia. Nada de grande novidade. Quem já leu algo sobre outras dietas, como a dieta do paleolítico, muitos dos conceitos são idênticos.
Mas o ponto é que esta dieta foi sugerida por um medico americano no inicio dos anos 90. Nessa altura, assustados pelo aumento de pessoas obesas na sociedade, o trend das dietas era no sentido de a maioria das calorias vir dos hidratos e uma acérrima guerra contra as gorduras. E no que a atletas de resistência se refere, o enfoque nos hidratos ainda era maior.
Mas começavam a surgir os primeiros indicadores que talvez esta obesidade fosse tb provocada pelo consumo de hidratos em exagero. Quando a Zone Diet foi sugerida, foi severamente rejeitada pela sociedade médica estabelecida e o medico classificado como mais um charlatão da nutrição. Classificação que lhe foi atribuída por muitos colegas de profissão considerados “iluminados”
Ora é aqui que entram os nossos paradigmas e a nossa incapacidade de questionar as coisas a fundo.
Pode-se sempre dizer, que há interesses estabelecidos, etc., etc., mas acima de tudo, a meu ver, o nosso cérebro fica preso a determinados conceitos, e não se consegue libertar deles.
A verdade é que a Zone Diet hoje tem uma aceitação boa. Muitos dos seus princípios são suportados pela investigação científica. Os iluminados afinal não eram assim tão iluminados.
A mensagem subjacente a esta história é que isto nos sucede todos os dias sem nos apercebermos. Esta incapacidade impede-nos de evoluímos em muitos aspectos. Acomodamo-nos. Afinal de contas o ser humano é um animal de hábitos. Mas podemos treinar esta nossa faceta. O 1º passo é ter isto ser presente.
Gosto sempre de recorrer a um exemplo engraçado. Experimentem perante uma audiência escrever num quadro a palavra YES. Seguidamente peçam às pessoas para lerem esta palavra, mas como se ela começa-se por E. Vão ver a quantidade de disparates que vão ouvir. No momento em que colocarmos o E no quadro e a palavra ficar EYES, todos vão ler correctamente EYES (olhos em Inglês)!
Foi necessário colocar o E para que o nosso cérebro percebesse qual era a palavra. Sem estar explicito estávamos “perdidos”:)
Bons treinos. Sem muita chuva e muito vento!
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