Tuesday 28 June 2016

Northwest Triman, o desafio distancia Iron Man.



No passado Sábado dia 25 de Junho fiz a minha estreia na distancia Iron Man (3.8km natação, 180Km de bicicleta e 42.2km a correr). O local, a vila de As Pontes de Garcia Rodriguez, no Norte interior da Galiza! A Prova, o North West Triman.
http://northwesttriman.com/

A opção pela Galiza teve a ver com a data, com a proximidade e a possibilidade de ir de carro, com o custo e com a opinião favorável sobre a organização para quem participou em 2015.
E estou muito contente com a opção que tomei. A organização foi incansável. Do melhor que já vi e senti. Do ponto de vista humano e logístico. A prova encheu-me completamente a alma!

Mas nem tudo foram rosas durante a preparação. A qualidade dos 2 meses anteriores deixou muito a desejar. A qualidade do sono foi má e isso foi prejudicando o treino. Os resultados das provas que fiz antes, tb não me ajudaram a moralizar. Mesmo dentro do próprio taper, a qualidade do descanso foi sempre fraca. O ter que fazer a viagem no dia antes da prova, tudo isto não ajudava a estar na linha de partida muito confiante. Estava fresco, mas não me sentia super. Mas o volume do treino estava lá, a cabeça é normalmente resiliente e a vontade de competir era muita. Afinal, tinham sido meses com este dia na cabeça.

A qualidade da recepção, o local, a envolvente, o apoio, tudo ajudou a ganhar alento!
O próprio inicio da prova, com a chamada dos atletas, a qualidade do speeker, a musica a acompanhar a partida, muito bom!  
O 1º objectivo era obviamente terminar, o 2º ficar abaixo das 11h e se possível aproximar-me das 10h30’.

A natação foi um passeio numa água límpida, incrível. Procurei nunca bater pernas. Só a braços e em ritmo tranquilo. Só nos últimos 500m activei um pouco as pernas. A ideia era poupa-las o máximo possível. Para um amador como eu, estas provas são ao contrario das curtas. Nas curtas, nadas rápido, a sofrer, para sair da agua o mais depressa possível. Aqui, não queres sair da água só de pensar no quem vem depois.

O ciclismo foi estranho. A dificuldade do percurso era maior do que esperava. Muito ondulante, poucas zonas para rolar. Muitas mudanças de andamento. Mas até ai tudo bem, não me favorece mas até gosto. O tempo tb não ajudou. Alguma chuva e vento em particular nas ultimas duas voltas a causar algum desconforto.

Mas o pior foram as sensações gástricas. Desde muito cedo comecei a sentir azia e tinha que me forçar a comer mesmo sem vontade nenhuma. Comer mal disposto não é algo agradável. E o meu corpo deu para perder líquidos durante a prova. Só neste segmento, fui obrigado a fazer 8 paragens “técnicas” no total, que me quebravam constantemente o ritmo. Já fiz 12 HIM e por norma faço apenas uma paragem na corrida. Só no ciclismo foram 8. Sempre de bexiga cheia.

A parte positiva é que me senti sempre bem durante o segmento. Nunca me senti muito cansado e consegui manter os andamentos de volta para volta. Nem dei pela critica passagem aos 150km. Aparentemente tinha gerido bem o ciclismo, embora num percurso assim, não há forma de ir para a corrida com boas pernas.

A corrida foi psicológica. Comecei pesado, meio preso. Para piorar, tudo começa com uma subida difícil desde a T2 até ao circuito. Nada agradável. Mas lá fui indo na mesma mal disposto. Obriguei-me a abrandar o ritmo no inicio. Tinha que correr fácil, leve…e claro, lento. Mais lento do que tinha pensado. Corria acima dos 5’30’’/km, 10 a 15’’ mais lento do que previa. O percurso de corrida tb não ajudava. Muitos falsos planos. As paragens “técnicas” continuavam. Foram mais 7 ou 8 na corrida. Absolutamente incrível. Não sei quanta quantidade de urina expeli durante toda a prova.

A má disposição começou a dar conta de mim aos 10km. Ia em nítidas dificuldades. Muscularmente bem, mas muito desconfortável. Foi nesse momento que todo o treino feito veio ao de cima.
Comecei a pensar em todos os km, em algumas sessões mais difíceis. Sabia que o treino estava nas pernas. Continuei a forçar-me a alimentar e aos poucos a má disposição abrandou e consegui entrar em modo automático. Os km iam passando, o ritmo era o mesmo e as pernas iam respondendo.  A partir de meio da corrida, não tive mais duvidas que ia correr até ao fim. Que a coisa estava feita.

E assim foi (ainda houve um episodio sórdido antes de chegar, mas vou-vos poupar os detalhes), cortar a meta foi uma sensação única. Muitas emoções juntas! A sensação de dever cumprido, muitos pensamentos!!!
Tinha terminado uma prova na distancia Iron Man com o tempo final de 10h59’, abaixo de objectivo das 11h e com a sensação que poderia ter feito menos 10’ se não fosse o tempo que perdi em paragens técnicas.

Admito que gostei muito da experiencia. Mas continuo tb a gostar de fazer Triatlos curtos, com ou sem roda. A dificuldade do IM é o impacto que o treinar para ele tem em tudo o que te rodeia. Por isso, neste momento, não tenho planos para voltar a fazer um no próximo ano. Mas fica a vontade de voltar a eles. Talvez em 2018. A pensar com calma.

Agradecimentos especiais:

Á organização. Volto a frisar a qualidade da mesma. Tornou tudo mais fácil e agradável.

As gentes de As Pontes por todo o apoio demonstrado durante o segmento de corrida. Incansáveis.

Ao pessoal do Hotel onde fiquei. Sempre disponíveis a ajudar no que fosse preciso.

Ao Paulo Guedes, ao João Lucas Coelho, ao Hugo Ferreira e ao Pedro Brandão, que foram os portugueses que mais me acompanharam durante estes dias.

Ao 3B, ao Hugo Gomes e á Madalena Fontinhas, por me terem permitido correr de 3B e Peter Pan ao peito e por todas as coisas que temos feito este ano! Faz sentir estes momentos mais especiais.

Ao Peter Pan, pela metáfora, historia, pensamentos e emoções que transportou dentro de mim

Á Paula pelo apoio que me deu durante todos estes meses de treino e pelo suporte incansável nestes dias, especialmente durante toda a prova! Foi uma autentica Iron Woman!

Aos meus filhos por todas as vezes que me vieram ao pensamento durante a prova e me encheram de energia e determinação para resistir ao sofrimento e continuar.

A todos os outros(as), que sabem bem quem são, que me apoiaram e ajudaram na preparação desta aventura.

E termino com uma palavra especial para o Paulo Guedes. Grande susto que me pregaste! Admiro a tua capacidade de sofrimento. És enorme. Mas não precisavas de sofrer quase até morrer!! Menos, menos, da próxima vez! Ainda quero voltar a fazer muitas provas contigo. Eu sei, eu sei, mais curtasJ As tuas melhoras rápidas!


Saudações desportivas!

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