Os que me
conhecem sabem que nestas coisas dos desportos de resistência, apregoou-o a
viva voz que a consistência e a paciência são a base.
Sou tb um adepto
do “keep it simple”. Raras vezes uso um “gadjet” durante o treino, a não ser um
relógio para ver o tempo de treino e o pace/velocidade a que vou. Não que tenha
algo contra os gadgets, mas analisar sistemas com muitas variáveis, só causa
confusão e retira o focus no que realmente é importante. Embora tb ache que
alguns gadgets abusam da pseudo ciência.
Quer isso dizer
que não monitorizo o treino? Não, mas faço-o de uma forma muito simples.
Limito-me a registar
no Strava a taxa de percepção de esforço de cada sessão. De 1 a 10. Em que 1 é muito fácil e 10 esforço máximo. Abaixo
um exemplo.
Não é um método exacto, existe alguma subjectividade, mas se houver consistência na atribuição da taxa, a informação é útil. Há que tentar ser honesto e “justo” nesta avaliação.
Com essa
informação o Strava calcula a carga da sessão e vai calculando os valores de
Fitness & Freshness. Que na pratica não são mais que indicadores do tipo ATL
(Acute Training Load (a Fadiga)) e CTL (Chronique Training Load (o Fitness))
que já expliquei em textos anteriores.
Abaixo mostro as
minhas “curvas” dos últimos 3 meses.
Desconheço os algoritmos que o Strava usa para calcular estes indicadores, mas isso não é relevante. O importante é o algoritmo ser sempre o mesmo. Não perco muito tempo a olhar para estes gráficos (embora devesse), mas às vezes eles até dizem alguma coisa.
É importante tb
entender que estes algoritmos se baseiam em estatísticas. Como em media, uma pessoa
reage às cargas. Não somos todos iguais e em certa medida o algoritmo pode não
representar o comportamento de um certo individuo. Há-que cruzar estes dados
com indicadores pessoais, como a qualidade de sono, a irritabilidade, as sensações,
etc.
É fácil entender
que a “Forma” varia na direção oposta da “Fadiga”. Recomecei a nadar em Abril, e
o gráfico da fadiga não engana. O corpo acusou a carga da natação (subida do
indicador fitness). Demorou até que a “Forma” começasse a subir. Os pontos a
vermelho são as provas onde participei. Triatlo do Cercal, Oeiras e Triman, por
essa ordem temporal.
Interessante ver que
no dia do Triman a curva da forma estava no seu valor máximo. Explicável por
ter aliviado o treino 1 semana, algo que não sucedeu nas outras provas. Facilmente
visível nos gráficos. No entanto, para mim, o mais fundamental é a consistência
do valor do “Fitness”, que é o que mede o volume/carga de treino ao longo do tempo.
É esta consistência que considero fundamental.
Semana após semana.
Mesmo na semana do Triman, esse valor esteve estável. Na realidade, o que fiz,
foi fazer uma semana com volumes típicos contabilizando o dia da prova. Nessa
semana não fiz mais nem menos que nas outras. Fiz foi muito mais numa única sessão.
Que o gráfico debaixo facilmente demonstra.
Gosto sempre de
recordar historias da vida real. Lembro-me de ter participado numa discussão
onde alguém dizia que o Vasco Vilaça como estava a treinar na Suécia, tinha acesso
a “alta tecnologia” e isso ia ser fundamental para evoluir. Depois do sucesso
que ele teve o ano passado, o treinador dele deu uma entrevista em que simplesmente
dizia que a maior razão do sucesso dele foi ter conseguido fazer uns bons
blocos de treino com consistência durante a pandemia.
Temos alguns bons
exemplos de treinadores nacionais que conseguiram criar as condições para os
atletas evoluírem. Cito como exemplo, o Paulo Antunes. E os resultados estão á
vista. Não é preciso ir para a Suécia 😊
Outro excelente
exemplo é o Paulo Sousa e a sua “esquadra” de Triatlo. O seu enorme talento e
profissionalismo para criar um grupo de treino onde se respira uma filosofia de
alta performance, levou a que tenha conseguido qualificar para os jogos Olímpicos
7 atletas da sua esquadra.
E ele é um grande
defensor da consistência e do keep it simple.
As ferramentas sem a atitude, não servem para nada. Primeiro sejam consistentes e pacientes, só depois façam uso dos gadgets 😊 Mas não exagerem, KISS!!
No comments:
Post a Comment