As minhas típicas semanas de treino são compostas por nove sessões. Três de natação, três de corrida, duas de ciclismo e um “brick” bicicleta corrida. A forma como se distribuem pela semana é: três dias uma sessão única, três dias bidiários e um dia de “descanso”. O Sábado. Quando comento estas rotinas com amigos, a maioria das vezes o comentário normal é perguntarem como o consigo sem retirar muito tempo à família. A pergunta é óbvia. A resposta não tanto. As horas de treino estão muito longe de serem o problema na gestão familiar. Por norma treino de madrugada e/ou ao almoço. Ao Domingo, no treino longo, às 10h da manhã já estou em casa.
- O cansaço provocado pelo treino;
- O excesso de motivação;
Quando andas cansado, ficas improdutivo, sem paciência, pouco disponível. Pode representar um grave problema. As crianças precisam de muita tolerância. São traquinas, irreverentes, confrontadoras. Gostam de nos testar. Quando se anda cansado, perde-se a capacidade de diálogo. De as tentar demover usando a inteligência. Partes para a agressividade com muita facilidade. Quando deveria ser o último dos últimos recursos. Por outro lado, arrastas-te pelo sofá, perdes iniciativa para brincar com elas, para as estimular, para conviveres e criares relação.
O mesmo se passa no trabalho. Se a sessão matinal for demasiado dura, a produtividade do dia pode estar comprometida. O mesmo se passa com a sessão do almoço. Se abusas, o sono pode tomar conta de ti de tarde. A produtividade vai-se.
Por outro lado, o treino no longo prazo, faz-te estar fisicamente mais disponível. Especialmente quando andas mais descansado. Nessas alturas não há criança que tenha mais energia que eu e no trabalho consegues estar super produtivo. Como todas as obseções na vida, quando se anda super motivado com algo, tudo o resto perde importância. É secundário. Andar demasiado motivado e absorvido pelo treino pode causar impactos na família e no trabalho. Queres melhorar, todos os bocados de tempo que julgas livres, aproveitas para treinar. Esqueces que poderias fazer algo diferente. Namorar, ir comer um gelado com a familia, etc. Nem te passa pela cabeça. Tornas-te um refém do treino. Encontrar o equilíbrio certo é fundamental. Mesmo no trabalho, perdes-te a procurar informação na Internet sobre treino, estás impaciente pela próxima sessão de treino. A tua cabeça anda longe. A tua produtividade e focus, são fracos. No entanto, se conseguires transportar a tua competitividade interna e a disciplina que impões nos treinos para o trabalho, podes-te transformar num “super” trabalhador.
O lado mau não é as horas que se passa a treinar. Mas sim o impacto que isso causa na tua disponibilidade física. O excesso de motivação é igualmente um problema. Saber encontrar o equilíbrio destes factores é fundamental.
Paulo, a palavra chave é mesmo o equilíbrio. Já provastes que pertences à elite daqueles que o conseguem, sobretudo se tivermos em conta a vertente familiar e profissional. Mas mesmo assim, esse equilíbrio e bom senso, varia de pessoa para pessoa, dependendo da sua maneira de ser e da sua envolvente. Se o conseguir pode estar num estádio de satisfação global de vivência que o conduz àquilo que tenho referido frequentemente, que é o segredo de se tirar proveito da prática desportiva durante muitos anos (longevidade). Tudo na vida tem que ser qb e só cada um de nós pode saber qual a percentagem de cada parcela da sua "roda dos alimentos da felicidade".
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