Tuesday, 29 June 2010

Estes dias


Não têm sido os melhores para o treino. A juntar á pontual falta de saúde da semana passada, umas mini férias com a família. Souberam muito bem. Mas o treino foi muito pouco.

É sempre assim. Também não vale a pena treinar muito nestas alturas. Ando sempre cansado de andar com a criançada de um lado para o outro. Sobra pouca energia para nadar, pedalar ou correr com dureza. Faz parte. Alem disso, a minha sinusite ainda anda por cá. Uns resticios.

Mas não estive totalmente desligado do Triatlo. Acompanhei a participação dos portugueses no campeonato da Europa de Longa Distancia. Em Vitoria, no Pais Basco. Tinha intenções de lá ter estado. Mas assim que soube que vinha ai o Joaquim (o bebé lá de casa), desisti da ideia. Fazer 4km a nadar, 120Km de bicicleta pelo meio das serras e 30km a correr…requer mais treino. Vou apontar para 2012. Nesse ano, no mesmo local, vai decorrer o campeonato do mundo. Seria uma boa preparação para algum dia tentar a distância Iron Man (3,8km de natação, 180Km de bicicleta e 42km a correr).

Esta semana irei tentar voltar treinar com alguma estrutura. Mas vou voltar à base. Uma semana de treino soft. Sessões longas aeróbias e alguma velocidade.

Tenciono voltar à competição em Aveiro, dentro de 3 semanas. Triatlo Olímpico.

Bons treinos

Tuesday, 22 June 2010

Detesto estar Doente

Dois dias após o Triatlo de Oeiras, comecei a ficar sem energia. Ao mesmo tempo apareceu uma constipação (e sinusite), uma ligeira dor de garganta e alguns sintomas de uma ligeira febre. Para piorar, metade da família apresentava os mesmos sintomas:(

Detesto estar doente! Raras vezes fico assim. Talvez uma a duas vezes por ano.

Fui resistindo. Nada de medicamentos. Tirei um dia “de folga” de treinos e retomei o plano. Apesar de estar cansado, no final da semana já me sentia melhor.

Mas Domingo voltei a recair. Para piorar, tenho dormido mal e ontem estava completamente KO. Voltei a tirar um dia. Hoje já me sinto melhor.

Vou usar as minhas poções leguminosas e outras para me tentar curar!

Mediamentos, só mesmo quando já não tenho opção!

Detesto estar doente!

Wednesday, 16 June 2010

Cozinha. Um tema diferente :)





Para variar o tema vou escrever sobre algo diferente.
Alimentação. Algo sempre importante entre os desportistas. Joga um papel importante na performance. Por isso é normal que seja um tema do nosso interesse. Tenho n livros sobre o tema.
Mas não é sobre noções de alimentação que vou escrever. Mas sim sobre receitas. No meu caso, a necessidade de controlar o que como e o facto de ter crianças para alimentar, levam-me para junto dos "tachos" muitas vezes. Não que me considere um bom cozinheiro. De saber misturar temperos, sei pouco. Mas basicamente gosto de inventar:)
Uma área particularmente interessante é a dos legumes. A maioria de nós cresceu à volta da salada de alface e tomate. Ok, ok, por vezes um pouco de cenoura e cebola. A salada típica da restauração tradicional portuguesa. Outros legumes, por norma, aparecem “escondidos" na sopa. Visitando uma banca de legumes em qualquer super mercado, é fácil perceber que existem muitas variedades dos mesmos. Ultimamente ando numa de experimentar alguns novos. Por exemplo, no último fim-de-semana, inspirado num livro de receitas (sim, do Henrique Sá Pessoa e do fernando Povoas) fiz o seguinte:

Cortei aos pedaços cenoura, curgete, abóbora e espargos. Cozi os espargos um pouco para ficarem mais moles. Depois salteei em azeite e temperei com sal e pimenta. Peguei em dois pimentos vermelhos e abri-os por cima de forma a criar uma tampa. Enchi os pimentos com os restantes legumes já salteados. Tapei-os com a "tampa" e levei-os ao forno 15m.
Adicionalmente, fiz uma salada de rucula e tomate. Era para adicionar frutos secos mas já não tive paciência para os partir.
Tudo isto a acompanhar um prato de massa e carne. Um “banho” de legumes. Pouco calórico, bastante saboroso e nutritivo!
Bom apetite

Triatlo de Oeiras



É sempre com enorme satisfação que participo nesta prova. O facto de ter sido a zona onde cresci, onde passei muitas tardes de praia na minha adolescência, torna a prova especial. Este ano participei sem objectivos competitivos. Puramente para desfrutar e servir de teste.
Felizmente, desta vez, dormi bem na noite da prova. O dia ajudou. Estava Sol, uma temperatura óptima e pouco vento.
Como é meu hábito, levantei-me bastante cedo e fui correr 20m para me activar. Calmamente dirigi-me para Oeiras. Cheguei já depois das 9h, com o parque de transição já fechado. Havia prova aberta às 9h30m. Supostamente este ano, era possível fazer o check in entre as 10h e as 10h30m. Tal foi a minha surpresa quando ás 10h me dirigi para o local do Check in e o juiz presente me informa que só quando o ultimo atleta da prova aberta terminar, é que se pode proceder ao Check in. O tempo ia passando, e só por volta das 10h30m, fiz o check in.
De seguida vesti o fato isotérmico e fiz o tradicional aquecimento na água. 15m. Queria estar bem activado. O objectivo era sair rápido. E assim foi. Houve alguma confusão no inicio, mas depois da primeira bóia tudo acalmou. Verdade que tb optei por nadar mais pelo largo entre a 1ª e a 2ª bóia. Dada a corrente, parecia-me a melhor opção. No entanto, fiquei sem “pés”. Ao rondar a 2ª bóia, notei algo de estranho. O pelotão não navegava em linha recta em direcção às bóias junto à saída da água. Estranho. Ao invés, navegavam para junto do forte, inflectindo mais tarde para as bóias da chegada. Não percebi se foi um movimento propositado dos atletas da frente para aproveitar o circular da corrente na praia, se foi um erro de navegação dos atletas da frente e todos foram atrás. Eu decidi nadar em linha recta. Mais uma vez, longe da confusão e sem pés.
Quando sai da água, estava o Valdo Neves junto a mim. Aparentemente era um bom sinal.
Sendo eu um “fraco” corredor, forcei nas escadas de acesso à T1 para não perder o contacto com o Valdo. Consegui fazer uma boa T1 e sair na roda do Valdo para o ciclismo. O inicio deste segmento custa-me sempre muito. O ritmo do Valdo era muito forte. Ele tentava fazer a junção a um grupo que ia à nossa frente. Pediu-me ajuda. Mas eu não podia. Ia no “elástico” na roda dele. Se fosse para a frente “puxar”, “morria”. Nas curtas subidas do percurso até Algés, segurei-me como podia e sempre com sucesso. No retorno em Algés, reparei que vinha um grupo numeroso quase a alcançar-nos. Vinha liderado pelo Carlos Gomes. O incentivo para cooperar na frente do mini grupo onde ia inserido, ainda passou a ser menor. Fomos alcançados antes dos semáforos da Cruz Quebrada. Resisti à subida e a partir dai procurei gastar o menos energia possível.
Fiz uma T2 tranquila e segui para a corrida. Que acabou por ser razoável embora sofrida. Havia muitos atletas a correr perto do meu ritmo. Éramos mais de 10 separados por menos de 20s. Durante a 1ª volta consegui impor um ritmo bom. Mas ia a sofrer. Levava o César Andrade na minha “perna”. Era uma surpresa muito agradável. Não o esperava ver correr assim. Já na segunda volta, na descida para Santo Amaro, acabei por quebrar e aliviei ligeiramente. Só a 500m da meta voltei a forçar. Entretanto, os meus despiques directos tinham-me ganho 10 a 15s. Já não dava para recuperar.
No final, uma boa prestação e acima de tudo, uma prova que me deu muita satisfação disputar. A certeza que a natação está de volta ao melhor e que a minha condição física em termos gerais está boa. Saliento ainda o facto de ter recuperado fantasticamente. Isto de fazer longos, deixa marcas no corpo!
Gostava tb de salientar três factos
> Finalmente uma presença numerosa da equipa. 5 Elementos. Espero que se repita mais vezes este ano.
> O regresso à competição do Olímpio. E logo a fazer 3º em V4. Viva a longevidade!
> A corrida do César. Muito bom. Grande surpresa. Que te dê motivação para continuares a evoluir.

Monday, 7 June 2010

Divagações de um Triatleta Amador


O Triatlo longo de Aveiro foi a quinta prova Longa (1.9km natação + 90km ciclismo + 21,1 km corrida) em que participei. O quarto que terminei. O ano passado em Porto Santo abandonei ao km 20 do ciclismo com um pneu destruído. Por curiosidade Aveiro foi a primeira vez que terminei um Longo que não fosse o de Lisboa.


Este ano tem sido recheado de provas longas. O X-Terra da Figueira da foz, o Longo de Lisboa e agora Aveiro. E estes dois últimos separados por 5 semanas. Tenho divagado sobre a comparação de ambos. O treino para Lisboa foi muito inconsistente. A natação estava a atravessar uma má fase. No ciclismo faltavam treinos longos. O máximo que tinha feito era 70km. Na corrida, o mesmo. Faltavam os treinos longos.


Já para Aveiro houve consistência. A natação estava melhor (em piscina) e no ciclismo tinha conseguido fazer um par de treinos longos de qualidade. Mesmo os indicadores de corrida eram mais animadores. Em ambos aliviei o treino na última semana. Embora o descanso tenha corrido melhor para Lisboa. Em Lisboa tinha objectivos e "guerras" pessoais competitivas. Em Aveiro não. Era fazer o melhor possível.


Comparando os segmentos não em termos de tempo, mas de performance geral, a natação correu melhor, o ciclismo correu ligeiramente pior e a corrida nitidamente pior.
A natação era mais fácil. Em Lisboa eram 500 atletas à partida. Em Aveiro 160. A confusão foi muito menor. Olhando aos dados do meu Ergomo (medidor de potência), a análise do ciclismo é interessante. Em Lisboa a media em watts foi 266. Em Aveiro 262w. Aparentemente muito parecido. Mas se olhar ao NP (Potência Normalizada) a historia já é diferente.


O NP é um indicador mais correcto (em teoria) da carga metabólica que a potência media. Basicamente, o NP assume que a relação entre potência e carga metabólica não e linear. Para valores mais elevados coloca uma ponderação superior à da relação linear. Na prática, quanto mais constante é o esforço, mais próximo fica o NP da potência média. Se o esforço for muito variado, maior é a diferença entre ambos os indicadores. Sendo que o NP é sempre superior. Em Lisboa o NP foi na casa dos 275 watts. Em Aveiro foi quase igual à potência média, 264w.


A justificação está no grupo onde andei inserido em Lisboa e na subida de Sta Iria. A rolar "escondido" pelo grupo os valores de potência caiam para 220-240w. Mas na subida, iam acima dos 300w. Na última volta e meia, para não perder a referência dos elementos mais fortes, várias vezes vi valores de 280-300w mesmo a rolar. Esta disparidade de esforços justifica a diferença do NP para a potência média. Em Aveiro, o esforço foi praticamente constante.


Acreditando no NP, o meu esforço no ciclismo em Lisboa foi superior ao de Aveiro. Em média, 11w. E bate certo com os meus tempos finais para o segmento. Em Lisboa, ter andado no grupo, fez-me ganhar entre 5m e 7m. O meu tempo final correcto teria sido entre 2h36m e 2h38m. Em Aveiro 2h43m.


A surpresa vem na corrida. Como consegui correr em Lisboa sem ter quebrado como quebrei em Aveiro? Alem disso, sai “solto” para a corrida. Em Aveiro, não! E verdade que estou ligeiramente mais pesado (1kg). Faz diferença na corrida.
Mas a meu ver, a justificação da diferença de performance, vem da fixação de objectivos. Nos momentos de sofrimento críticos em Lisboa, agarrei-me a tudo o que tinha para não quebrar. Não queria ser apanhado:) Em Aveiro, mal começou a doer, abrandei. Não fui capaz de forçar. Lá esta a importância dos pequenos objectivos e das rivalidades saudáveis. Ainda tentei impor objectivos durante a corrida. Mas não resultou.
Em jeito de resumo, para um atleta amador, existem n variáveis que podem interferir no resultado final. Não e fácil correlaciona-las com o mesmo. Mas uma coisa e certa: ter objectivos é fundamental. Realistas claro:))

Bons treinos e até Oeiras!

Wednesday, 2 June 2010

COMRADES 2010. Uma aventura portuguesa.

Ouvia falar das Comrades á uns anos atrás. Quando lia o Lore of Running. Livro que é escrito por um medico Sul Africano que corria ultra maratonas. Recomendo vivamente a leitura a todos os amantes da corrida. Embora seja mais um livro mais de consulta que de leitura "fio a pavio".
A ultima das Comrades foi disputada no passado dia 30 de Maio. Entre os participantes deste ano estava o Pedro Belchior.

O Pedro pertence ao meu grupo de treino "social" do Estadio Nacional. Já tem algumas maratonas nas pernas e é igualmente um "triatleta a espaços". Tendo já concluido um Iron Man. Desta vez lançou-se a um novo desafio. As COMRADES.

De seguida segue a sua cronica da prova. Muio, muito bom!! Parabens Pedro.
"Caros amigos,

Estou já a caminho de Lisboa, na nossa magnifica companhia aérea, a tentar dar-vos conta das emoções que vivi nesta impressionante prova de corrida de 89,3km.

Pré Comrades

Meus amigos, a prova começa aqui.

A minha preparação começou em Dezembro. Desde ai até à prova no dia 30 de Maio fiz 17 treinos logos, todos acima de 35km e até um máximo de 56km.
Participei em 5 maratonas oficiais e uma ultra maratona.


A Comrades

A Comrades alterna todos os anos o sentido da corrida entre Durban e Pietermaritzburg sendo um ano uphill e no seguinte, nem por isso menos dificil, downhill. A prova tem muito poucos segmentos planos, sendo disputada num ondular permanente, com subidas e, este ano, descidas demolidoras. Em 2010 subimos aproximadamente 1100m e descemos 1700. É totalmente dominada por africanos, principalmente sul africanos, e por Russos, e o corredor típico não é o skiny Keniano das maratonas, que nem se atreve a vir, mas pessoal mais encorpado e tb com mais massa gorda (QB).

Este ano, e por ser a 85ª edição, alinharam na partida 22000 atletas.

Existem milhares de ferverosos adeptos ao longo de toda a prova. Mesmo nos sítios mais remotos e ao longo dos 89km não se fazem 100mts sem apoio. Eu já participei em todas as maiores maratonas do mundo, mas esta sendo de percurso linear de um ponto ao outro (tipo maratona de Boston) é absolutamente impressionante.
A prova tem um tempo máximo para chegar à meta de 12h e vários cutoffs ao longo da prova, em que quem não consegue passar dentro desse tempo é imediatamente excluído. O conhecido chip time não é contabilizado para o tempo final de prova.

É conhecida como a mais popular, mais antiga e mais dura ultramaratona de estrada do mundo. Correu-se este ano a 85ª edição! Diz-se que todo o sul africano tem de fazer a prova pelo menos uma vez na vida.

A prova é transmitida ao vivo na TV durante todo o tempo! O período que antecede as 12h de prova é o com maior audiência. O primeiro atleta a não conseguir as 12 h tem direito a tempo de antena visto por todo o país.

Uma particularidade interessante, os kms são marcados por ordem decrescente.


A minha prova

Começámos a prova às 5:30 da manhã na cidade de Pietermaritzburg com 3ºC. Inicialmente fomos brindados com um tradicional cântico zulu seguido do hino da África do sul e depois pelos Vangelis com "cheriots of fire", até fico emocionado só de relembrar... segue-se um canto de galo e um tiro de canhão (literalmente).

Partimos um grupo de 9 Tugas, todos com diferentes perspectivas e abordagens. Eu comecei com o Tiago Dionisio, o nosso maratonista mais experiente, com cerca de 130 maratonas concluídas e 9 Comrades!, e com o Luis Pires, tb um experiente maratonista e ultra. Resolvemos, eu e o Luis, aproveitar a boleia do Tiago pois embora tencionasse ir para sub 8h disse-nos que iria ser conservador na primeira metade, pelo que só tínhamos de nos atrelar e aproveitar, visto que sub 8 era um tempo que embora possível, era muito audaz.

Foi exactamente o que fizemos, embora a meu ver tenhamos começado algo lento para as perspectivas, principalmente no inicio (primeiro 1/4), período em que tb fomos afectados pelas várias paragens de modo a satisfazer as mais diversas necessidades fisiológicas, que foram muitas, do Tiago que tem uma bexiga do tamanho de uma azeitona, do Luis que tb não aproveitou a multidão da meta para se aliviar quando ninguém dá por isso... mas eu tive o privilégio de ter sido o que mais tempo tive para desfrutar da savana africana...( nem todas as nossas necessidades demoram o mesmo tempo...), claro que o Luis fez logo um reparo em relação ao tempo que demorei no trono africano...

O segundo quarto da prova tinha menos subidas e era menos duro e aproveitamos para meter um pouco de andamento. Tínhamos terminado os primeiros 22,5km com 5min de atraso em relação ao target. Recuperamos 2min e a meio da prova estávamos com 4:03h, ainda assim 3 min atrasados. Vimos logo que a hipótese dos sub 8 era missão impossível, mas tanto eu como o Luis ficaríamos contentes com sub 9, embora soubéssemos que as 8:30 estavam ao nosso alcance e esse era agora o nosso objectivo.

A partir dos 44km começaram os problemas. Durante as longas e inúmeras subidas comecei a ficar com imensas dores no joelho, e vi a vida a andar para trás... A técnica do Tiago, tal como recomendam todos os especialistas nestas provas, sugere que nas subidas mais íngremes se façam alguns períodos a andar, que não só servem para poupar energia onde ela se gasta mais, mas tb alterar a postura e a forma do movimento. Esses segmentos não eram mais do que 15 a 30seg de cada vez e raramente fazíamos mais do que dois numa subida. Acontece que quando andava ficava pior das dores no recomeço da corrida. Pensei que iria chegar a um ponto em que só me iria restar acabar a corrida a andar e tentar ficar nas 12h. A verdade é que pouco depois das subidas acabarem ficava melhor e recuperava o suficiente para continuar com os meus Comrades, embora nitidamente a atrasa-los um pouco. Ainda lhes sugeri que se fossem embora porque estavam, na altura, melhores que eu. O Tiago e o Luis foram extraordinários e continuámos juntos.

Cumprimos os 70km e, como esta parte do percurso tinha mais decidas que subidas, consegui voltar a recuperar e manter um andamento regular.Apenas claudicava nas subidas. Claro que o Tiago andava para a frente e para trás a passear, altura em que eu e o Luis sugerimos uma vez mais, que não hipotecasse a sua prova, visto que estava francamente melhor que nós, mas ele, com a humildade que o caracteriza, disse que sempre acabou a Comrades sozinho e que este ano não o ia fazer. Aos 74km o Luis começou a fraquejar nas descidas e eu, que seguia um pouco mais à frente pois não podia parar por causa do joelho, tb já não conseguia virar-me para trás..., ia perguntando ao Tiago pelo Luis, que a partir de certa altura disse que tinha de começar a andar até nas descidas, ou seja, estava morto..., não valia a pena esperar porque íamos num óptimo ritmo.

Os últimos 14km foram sempre a abrir. Depois de ver a placa que diz 21km para o final senti uma enorme força que durou até ao final. Já só faltava uma meiazita...
Quando fizemos a ultima e enorme descida comecei com umas dores horríveis nas costas, ainda me passou pela cabeça pedir uma massagens em andamento ao Tiago... ele dizia que era normal..., claro já tínhamos 82km e corríamos a 4:50/km! Durante as rectas que antecedem a majestosa entrada no Sahara Stadium em Durban ainda comentei com o Tiago que fazia mais 10 ou 15km, todo lixado, mas fazia. A chegada ao estádio é arrepiante, com milhares de pessoas a aplaudir, um ambiente fantástico e uma festa e emoção indiscritível. A minha Filipinha voltou a encontrar-me mesmo na recta final, onde me deu a bandeira de Portugal com que passei a meta de mão dada com o Tiago.

O Tiago ganhou um "green number" que significa que completou 10 Comrades o que lhe dá o direito de usar o mesmo numero para sempre. Privilégio apenas para alguns e com direito a pequena cerimónia após a entrega da medalha. Eu estava lá :-)

Terminei a prova em 8h17e fiquei em 1381 da geral. Fiz um pace médio de 5:32min/Km, variando entre 4:25 e 8:28! O Luis tinha mesmo morrido e acabou por fazer 8h44 depois de ter andado em grande parte das descidas.


Emoções

Meus caros, sensações e emoções como estas, só quem passa por elas é que sabe como são. Para mim, só comparável com a de ter cruzado a meta do Ironman de mãos dadas com os meus filhos, dos quais senti muito a falta por sinal.

Mas tive mais uma vez o apoio incondicional da Filipa, que me tem apoiado em 99% das grandes provas a que vou e que tb faz a sua própria corrida, de forma a ver-me no maior numero de spots possíveis. Desta vez foram seis os sítios onde me viu!!!! Fazemos um pequeno briefing no dia anterior e ela fica com um pace igual ao que eu levo para a prova, ficando a saber os meus supostos tempos de passagem em todos os kms. Conhece-me melhor que ninguém e confessa que ficou preocupada quando aos 46km nos encontramos e lhe disse que me doía o joelho.


Cutoff 12h

No final de cada hora existe um grupo de pacers, chamado "bus", que ajuda os atletas a cumprir determinado tempo. Quando alguém perde o bus, não consegue atingir o objectivo a que se propôs. Isto é tão mais verdade quando se trata do bus das 12h, em que quem perde o bus é pura e simplesmente afastado da corrida, impedido de cortar a meta e fica sem direito à medalha de finisher.

Quando se aproxima um bus é sempre uma festa, pois são dezenas de atletas em delírio por conseguirem atingir o objectivo desejado. Por outro lado, os desgraçados que vêm imediatamente atrás, tentam sprintar.... após 89km... para tentarem cumprir... Agora imaginem o desespero dos bus das 12h... Um desgraçado estava a 100mts da meta e faltavam 2min para as 12h. Deram-lhe cambrias nas duas pernas, ficou agarrado a um separador do publico completamente impedido de andar sequer e a ver os segundos a passar... desespero total, só abanava a cabeça e chorava, ainda me passou pela cabeça ir ajuda-lo mas seria ele e eu desqualificado. Todo o publico em desespero a tentar dar-lhe força, mas não conseguiu. Pessoas que treinaram no duro durante seis meses totalmente desesperadas e em choque por não terem acabado por segundos. Ficaram 8000 pelo caminho....

3 minutos antes do final começa a tocar a musica que ouvimos no inicio, "chariots of fire". Arrepiante.

A grande maioria dos atletas que já terminaram a prova ficam a assistir a prova até ao final e a apoiar os sobreviventes. Até os Prós ficam.

A Comrades é isto meus amigos, um desafio físico e um teste à determinação e à capacidade de sofrimento. Na minha opinião 50/25/25.


Os Tugas

No nosso grupo fomos nove, e todos contemplados com uma medalhinha pequenina mas muito valiosa.

O "animal" do nosso grupo é evidentemente o Manel Machado, que fez 6h49 e ficou em 174 da geral. Nós somos apenas animaizinhos que conseguimos cumprir os objectivos.

Parabéns aos COMRADES Manel Machado, Tiago Dionisio, a mim próprio (não fica mal, pois não), Luis Pires, Pedro Amorim, António Conde, Luis Mota Freitas, Rui Guedes e Zé Carlos Costa.



Agradecimento

Ao Pedro Amorim por me ter desafiado para esta magnifica aventura, ao Tiago por me ter transportado até à meta, à Filipa por me aturar e me acompanhar até durante a prova , e ao Manel Machado pela ajuda nos treinos mais longos.
E por falar em treinos, obg tb ao meu filho Rodrigo e ao Gonçalo Amaro, que com 10 e 12 anos me acompanharam de bicileta em treinos de mais de 40km dando-me água e gels!, ao Carlos Amaro que tb me acompanhou de bicla, ao pessoal do estádio que ajudou a meter andamento como o Rui Campos, Paulo Guedes e Miguel Graça, aos Ironmans João Paulo Durão e Miguel Palma, que tb fizeram parte dos treinos longos comigo, ao Zé Miguel Carvalho que tb ajudou em alguns segmentos, e tantos outros.


Espero terem ficado com uma ideia desta magnifica prova e com vontade de tentar a ULTIMATE RACE.

Se tiverem curiosidade em saber mais alguma coisa acerca da prova ou mesmo ver um dos vários videos de mim ou qualquer outro participante é só ir ao site da prova. http://www.comrades.com/

Beijos e abraços"

Tuesday, 1 June 2010

Triatlo Longo de Aveiro


Uma grande jornada de Triatlo Longo. Muitos participantes, condições climatéricas boas, um local para a pratica da modalidade muito agradável e uma boa organização. Os ingredientes necessários para uma manhã bem passada.

Pessoalmente, a prova tinha um significado especial. A zona onde decorria a prova (S. Jacinto) trazia-me à memória muitas recordações das minhas férias de Verão.
O número de participantes foi surpreendente. Certamente fruto da maior divulgação que o Triatlo tem tido após os Jogos Olímpicos e de um crescendo de amantes da longa distancia. Se olhar para trás e recordar que há 4 anos, o numero de participantes num Triatlo Olímpico era entre os 60 e os 80. Ter quase 200 atletas inscritos numa prova longa, é no mínimo surpreendente.
Como já vem sendo habito, a minha participação esteve em dúvida até ao dia anterior. Apesar de ter casa na Costa Nova, perto do local da prova, a logística familiar esteve complicada. Só ficou resolvida na Sexta-feira à noite.
Mas já a pensar na possibilidade de ir, aliviei a carga na semana passada. Tinha feito um bloco de 3 semanas bastante consistente. Isso dava-me alguma confiança. Em teoria estaria ligeiramente melhor que em Lisboa. Os tempos da natação (em piscina) estavam de volta ao meu melhor nível. Tinha realizado um par de treinos longos de ciclismo bastante bons. Durante a última semana fui alternando dias em que me senti bem com outros em que me senti menos bem. Mas as últimas três noites foram muito más. No dia da prova, quando me levantei, já me sentia cansado. Faz parte. Não esmoreci por isso. Fui para S. Jacinto com determinação.
Tudo correu normalmente antes da prova. “Check In” tranquilo e um pequeno aquecimento na água. Que até estava com uma temperatura agradável. Nada normal nesta zona.
Lá parti. Como sempre, adoptei um ritmo relaxado e procurei navegar o melhor possível. Não vi o tempo do segmento, mas pelos atletas que vinham junto a mim, tinha sido normal.
Fiz uma T1 normal e lá fui para o ciclismo. Esperavam-me 7 voltas que totalizavam 90km num percurso totalmente plano junto a ria de Aveiro. Muito bonito. A minha estratégia passava por manter a potência entre os 250w-270w e nunca deixar o ritmo cardíaco subir acima dos 150 bpm.
Em Lisboa tinha feito uma media de 266w. O objectivo era andar perto desse valor. Comecei prudente. Preocupantemente, quando devia começar a sentir-me bem, aconteceu precisamente o contrario. Na 3a volta senti-me menos bem. Felizmente a energia voltou na 5a volta e consegui impor um ritmo melhor a partir daí. No entanto, ir tanto tempo nas barras, criou-me problemas de conforto. E começou cedo. Já no final da 3a volta ia incomodado. Cheguei a desejar que o segmento terminasse o mais rapidamente possível. No final 262 w de média. Em linha com o esperado. Restava a corrida. Rapidamente percebi que ia ser um arrasto. Adoptei um ritmo muito prudente. Pelas contas, estava a correr para 1h39m, 1h40m. Mas na terceira volta entrei em dificuldades. Na quarta parei e andei uns 400m. Ajudou psicologicamente. Não estava com aquela capacidade de sacrifício normal. Retomei a corrida a um ritmo lento. Fui-me arrastando com algum sacrifício. Só depois do último retorno junto ao Mar, já na quinta e ultima volta, é que comecei realmente a correr (até ai sentia que ia mais a andar em passo rápido). E acabei forte:) No final, 5h02m certinhos. E como sempre uma enorme satisfação por ter terminado. Claro que não estava satisfeito com a prestação. Num dia normal teria feito menos 5 a 6 minutos. Mas nada que interfira com o prazer de ter competido e ter terminado.
Fica apenas a noção que preciso de mais km de corrida.
Por questões de gestão de logística pessoal não irei a Peniche. Tenciono regressar em Oeiras. Uma prova sempre emblemática, mas de características totalmente diferentes.

Bons treinos